Férias na zona balnear com maior procura do país são cada vez mais uma opção para a classe média-alta. Hóspedes nacionais começam a fugir para destinos no estrangeiro.
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A temporada de verão no Algarve está próxima da lotação esgotada, mas com os valores do alojamento a desviarem gradualmente hóspedes portugueses para outras paragens com ofertas mais simpáticas. Com as diárias a rondarem uma média de 300 euros, a aposta centra-se de ano para ano nos estrangeiros.
“O mercado interno reage muito ao preço, é notório que as dificuldades económicas têm afastado os clientes nacionais”, reconhece ao JN Hélder Martins, presidente da Direção da Associação dos Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), que reúne representantes de 305 espaços hoteleiros locais.
“Somos acessíveis para mercados com outra disponibilidade, embora menos para uma parte do nosso”, admite.
Ainda assim, os portugueses continuam a figurar como parte significativa do grosso dos hóspedes que escolhem o Algarve para férias no período estival, ultrapassando “em cerca de 10%” o total das restantes nacionalidades. O Reino Unido é o emissor que se segue, com uma surpresa a constar na lista recente de veraneantes.
“Existe uma procura significativa de norte-americanos, como nunca sucedeu em anos anteriores. Mais, até, do que espanhóis”, revela Hélder Martins.
“A região tornou-se um destino para o segmento acima da classe média alta. A tendência é para escalar e não devemos esconder isso. Trata-se de uma realidade absoluta devido à caracterização da oferta. Quanto mais hotéis de cinco estrelas são construídos, como tem sido o caso nos últimos anos, mais qualidade adquire o resto da oferta, o que leva à gradual subida dos valores praticados”, explica o responsável máximo da AHETA.
Faturação de todo o ano
Com 140 mil camas disponíveis em hotelaria tradicional, não sobra praticamente nenhuma para os meses de verão. “As reservas nesta altura do ano são já superiores às registadas o ano passado neste período e rondam os 95%. Para julho, andam nos 90% e para agosto quase tocam os 95%”, descreve o líder da AHETA.
No setor do Alojamento Local (AL), a perspetiva é igualmente otimista. Segundo apurou o JN, serão 200 mil as camas providenciadas em regime de AL em todo o Algarve, embora a maioria dos espaços tenha menos de quatro camas.
“Ainda é cedo para falar de números absolutos porque as reservas de AL são feitas, grosso modo, em cima da hora. Mas as expectativas vão para que o mercado reaja como reagiu em 2024, ou seja, que a ocupação ultrapasse os 90%”, confia, por sua vez, Eduardo Miranda, presidente da Associação do Alojamento Local em Portugal (ALEP). “Agosto é o mês que vale em boa parte do Algarve a faturação de todo o ano”, aponta.
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Recorde
O Algarve chegou, em 2024, aos 5,2 milhões de turistas. Tratou-se da maior registo de sempre, conforme confirmou a Região de Turismo local.
Crescimento
A mesma Região de Turismo do Algarve prevê uma subida de 7% do número de visitantes até ao final do ano.
Rendimentos
O rendimento médio por quarto disponível (RevPAR) no território português situou-se em 69,5 euros (+10,8%) durante o ano de 2024. Os dados são do Instituto Nacional de Estatística (INE).
Receitas
Só a Área Metropolitana de Lisboa (AML), com 151,4 milhões, superou o Algarve em receitas turísticas em abril (89,9 milhões), último mês com números oficiais do INE.
Dados
140 mil são as camas disponibilizadas pela hotelaria tradicional em todo o Algarve, segundo a associação do setor. Neste número, não estão incluídas as referentes ao alojamento local.
300 euros é o valor médio diário de alojamento por pessoa durante o mês de agosto, o mais concorrido na região algarvia. Este foi o cálculo feito através da análise de várias plataformas de reserva.