Miguel Macedo, antigo ministro da Administração Interna do Governo de Pedro Passos Coelho, morreu hoje, em Braga, aos 65 anos.
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A informação foi avançada à CNN Portugal, canal onde era comentador habitual. O antigo político, que durante anos esteve afastado da vida pública, fazia parte do painel do programa "Princípio da Incerteza", da TSF e CNN Portugal. A SIC Notícias adianta que Macedo sofreu um ataque cardíaco.
Natural de Braga, Miguel Bento Martins da Costa de Macedo e Silva licenciou-se em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra e foi dirigente da Associação Académica de Coimbra. Ligado desde cedo à vida política, foi membro da JSD e depois do PSD, partido pelo qual foi eleito deputado à Assembleia da República nas legislaturas iniciadas em 1987, 1991, 1995, 1999, 2002, 2005 e 2009, sempre pelo círculo de Braga, revela o partido, numa breve nota biográfica.
Foi Secretário de Estado da Juventude do primeiro governo de maioria absoluta de Cavaco Silva, entre 1990 e 1991. Mais tarde, entre 2002 e 2005, integrou os governos de coligação PSD/CDS-PP de Durão Barroso e de Pedro Santana Lopes, como Secretário de Estado da Justiça.
Na direção de Luís Marques Mendes, ocupou o cargo de Secretário-Geral do PSD. Depois de Pedro Passos Coelho ter sido eleito presidente do partido em 2010, passou a liderar o Grupo Parlamentar do PSD, cabendo-lhe enfrentar a oposição ao Governo de José Sócrates a partir da Assembleia da República. O atual primeiro-ministro, Luís Montenegro, foi vice-presidente da mesma bancada, que depois viria igualmente a liderar.
Nas eleições legislativas de 2011, encabeçou a lista do partido no círculo eleitoral de Braga, sendo depois nomeado ministro da Administração Interna do XIX Governo Constitucional. No governo de Passos Coelho é apontado como um conciliador, capaz de fazer pontes, nomeadamente com o então ministro dos Negócios Estrangeiros e presidente do CDS-PP Paulo Portas, que protagonizou diversos momentos de tensão com o líder do executivo.
Viviam-se os dias da "troika" e Paulo Portas chega a pedir a demissão, em 2013, que não foi aceite, tendo subido a vice-primeiro-ministro. O percurso de Miguel Macedo enquanto ministro da Administração Interna fica marcado por expressivas manifestações de polícias, tendo uma delas terminado com a invasão da escadaria da Assembleia da República.
Demitiu-se em 2014 devido a um processo relacionado com a atribuição de vistos gold, de que é absolvido em 2019.
Vistos gold
Quando saiu do Governo em 2014, garantiu não ter qualquer intervenção no processo dos vistos gold mas reconheceu que a investigação em curso o deixava com "autoridade diminuída", recorda a Agência Lusa.
“O ministro da Administração Interna pelas funções que exerce em áreas de especial sensibilidade e exigência tem de ter sempre uma forte autoridade para exercício pleno e eficaz das suas responsabilidades. É essa autoridade que politicamente entendo ter ficado diminuída e um ministro nesta pasta não pode ter nunca a sua autoridade diminuída”, declarou.
Miguel Macedo viria a ser absolvido em 2019 de três crimes de prevaricação de titular de cargo político e um crime de tráfico de influência.
Não regressou à vida política ativa, assumindo o papel de comentador político recentemente no programa “Princípio da Incerteza”, da CNN Portugal, com José Pacheco Pereira e Alexandra Leitão, moderado pelo jornalista Carlos Andrade. A sua última presença numa iniciativa político-partidário aconteceu no lançamento da candidatura presidencial de Luís Marques Mendes, no mês passado, em Fafe.
Miguel Macedo considerou que Marques Mendes fez bem em candidatar-se à Presidência da República, considerou que tem todas as possibilidades para ser eleito e salientou que para assumir o cargo é preciso muita experiência política, sobretudo num período em que há em Portugal, como em muitos países da Europa, uma enorme fragmentação do espetro parlamentar.
Em 2019, Miguel Macedo confirmou que abandonava a vida política ativa e considerou, perante os militantes bracarenses do PSD, que tinha sido vítima de uma "injustiça", ou mesmo de uma "canalhice".