Investigação não recolheu indícios para imputar motivações clubísticas aos quatro arguidos agora acusados de uma série de furtos e roubos
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Os quatro homens detidos pela PSP por suspeitas de terem, em novembro do ano passado, agredido o zelador do então candidato à presidência do F. C. Porto cometeram o crime para roubar o Opel Corsa do funcionário de André Villas-Boas (AVB). Esta é a tese do Ministério Público (MP), que acaba de acusar os arguidos de uma série de crimes de roubo, furto e dano, perpetrados na mesma noite. A investigação não encontrou indícios que sustentassem a imputação de motivações clubísticas, quer por conta própria, quer a mando de terceiros, no espancamento do zelador.
Quando foram detidos, a 27 de fevereiro, os jovens também eram suspeitos de serem os autores da pichagens feitas quatro meses antes na habitação de AVB, no Porto. O ambiente pré-eleitoral do F. C. Porto eram tenso e foi nesse clima de animosidade - que acabaria por dar origem à Operação Pretoriano - que foram pintados os dizeres “AVB ingrato” e “AVB traidor”, na casa.
A investigação tinha indícios de que os suspeitos pudessem ser os autores das pichagens e que os ataques poderiam ser uma tentativa de intimidar AVB e fazê-lo recuar na disputa pela liderança do clube. Porém, das testemunhas ouvidas e das análises dos conteúdos dos telemóveis dos suspeitos, nenhuma prova veio consolidar essa tese, apesar de terem sido apreendidos adereços dos Super Dragões em casa de um dos arguidos.
O MP arquivou o caso das pichagens e da difamação a AVB, que se constituiu assistente neste processo. Mas a investigação da PSP reuniu prova suficiente para estabelecer que os arguidos eram responsáveis pelas agressões ao zelador de AVB, as quais terão tido como móbil “apenas” o roubo.
Segundo a acusação, a série de furtos começou numa churrasqueira de Gaia, cerca das 3 horas da madrugada de 22 de novembro. Daniel, Nuno, Rafael e Rui (estes dois últimos em prisão preventiva), com idades entre 21 e 24 anos, residentes em Gondomar, Gaia e Porto, arrombaram uma janela do “Grelhados do Candal” para levar uma televisão e várias garrafas de whisky, vinho e aguardente. A seguir foram para a Via Panorâmica e Rua do Campo Alegre, no Porto, onde furtaram bens no interior de carros ali estacionados.
Já depois das 4.30 horas é que foram para a Rua de Feliciano Castilho, onde viram o zelador dentro do Opel Corsa. A vítima estava à porta da casa de AVB porque, horas antes, tinham sido rebentados petardos no local.
Segundo o MP, puxaram a vítima para fora do carro e esmurraram-no repetidas vezes na cabeça e na face, além de o pontapearem. Roubaram-lhe a carteira, um telemóvel e o carro, que acabariam por usar para se deslocar à zona da Foz e depois a Matosinhos, onde voltaram a furtar bens do interior de automóveis estacionados.
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Prisão preventiva
Dois dos arguidos, Rafael e Rui, estão em prisão preventiva. O primeiro está na cadeia de Leiria e o outro em Custoias. Os outros dois estão em prisão domiciliária.
Carro recuperado
A viatura roubada ao zelador de Villas-Boas foi recuperada, a 20 de dezembro do ano passado, na zona do Jardim do Morro, em Gaia. No interior, havia um cartão da Ordem dos Médicos, furtado no interior de um carro, no Porto.
Condução sem carta
Daniel e Nuno também foram acusados do crime de condução sem habilitação legal.