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Luís Montenegro deslocou-se a Espanha para dizer coisas importantes sobre Portugal. O congresso do Partido Popular ouviu-o reclamar mais segurança para as ruas portuguesas e mais autoridade para a Polícia. Quem desconhecesse a realidade do nosso país, um dos mais seguros do Mundo, poderia pensar que, atendendo a tamanha preocupação, Portugal estaria a tornar-se numa espécie de anarquia onde a violência toma conta das cidades. Felizmente para a economia nacional, os espanhóis continuam a alimentar o nosso turismo. E desconfio que esta realidade não irá mudar, apesar das palavras do primeiro-ministro, que também se atirou aos governos do Partido Socialista, responsáveis, segundo Montenegro, por todos os males na saúde, habitação e por aí adiante, o que não surpreende ninguém, porque o PS, quando terminar o ciclo dos sociais-democratas no poder, fará o mesmo. Voltando à discussão de fundo lançada pelo líder do Governo, importa ter presente que talvez tenha razão, sobretudo se recuarmos umas semanas, ao dia em que Polícia Judiciária desmantelou um grupo neonazi com objetivos tão perigosos como o de invadir a Assembleia da República. Ao lermos o tema de capa da edição de hoje da “Notícias Magazine”, percebemos que o perigo, efetivamente, pode estar à espreita, embora continue a discordar de Luís Montenegro, porque a esmagadora maioria dos cidadãos respeita e confia nas autoridades policiais. Haverá outras, mas uma das maiores ameaças à segurança do país estará escondida no submundo das organizações ultranacionalistas, cujo discurso de ódio, segundo peritos da União Europeia, é legitimado por partidos como o Chega. Portanto, para nos sentirmos seguros, também é necessário que o PSD saiba escolher os parceiros para negociar no Parlamento, até porque os indicadores dos últimos dias não vão nesse sentido.