GNR acusados de torturarem suspeito em Gaia confirmam agressões e apontam autor
Três dos nove militares que estão acusados de, em 2019, terem sequestrado e torturado um homem ao longo de nove horas na GNR dos Carvalhos, em Gaia, confirmaram esta quinta-feira que houve agressões no interior do posto, mas cometidas por José Miranda, um cabo aposentado a quem tinha sido furtada uma carrinha.
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Miranda foi o único dos arguidos a não querer prestar declarações ao coletivo de juízes, no arranque do julgamento, no Tribunal de São João Novo, no Porto. O caso ocorreu a 25 de agosto de 2019. Segundo a acusação, havia suspeitas de que um homem teria furtado uma carrinha àquele militar reformado. Com o objetivo de fazer o suspeito confessar onde estava o veículo, quatro elementos da GNR no ativo foram buscá-lo a casa da avó e levaram-no para o posto dos Carvalhos, sob o pretexto de que teria de ser identificado.
O homem nunca foi formalmente detido, apesar de ter permanecido no posto durante nove horas, entre as 13 e as 22, num quarto sem luz e sem local para se sentar, que era um amontoado de mobiliário e caixotes. Ainda segundo a acusação do Ministério Público, terá sido ali que foi agredido com socos, pontapés, golpes de bastão e ainda uma mangueira, por militares que não logrou identificar.