Quando tudo falhou, foi a emissão contínua das rádios a manter a população informada, com a programação orientada sobretudo para o inesperado apagão.
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Na segunda-feira, o país foi surpreendido com um apagão geral, que desligou todo o território português, à exceção das ilhas. Sem luz, sem rede e sem internet durante dez longas horas, o acesso à informação tornou-se praticamente impossível. De todos os meios de comunicação, somente um sobreviveu sem qualquer condicionante - a rádio.
Nuno Domingues, diretor da TSF, referiu em declarações ao JN que “a interatividade foi maior - hoje as pessoas fizeram-nos chegar o contentamento pela forma como acompanhámos a situação e disseram-nos que estiveram a ouvir x tempo, que estiveram atentos”. Relativamente à forma como foi orientada a emissão, Nuno Domingues explicou que o método utilizado foi “afastar outro tipo de notícias que não tinham a mesma relevância e dar atenção praticamente exclusiva à situação que se estava a viver”. Acrescentou o diretor da emissora que a prioridade da TSF foi “colocar-se na posição dos ouvintes e tentar perceber o que é que as pessoas queriam ouvir naquele momento - provavelmente explicações, respostas, orientações sobre o que é que deveriam fazer”.
Já Mário Galego, diretor de Informação de Rádio do operador de serviço público, descreveu o dia do apagão como “um dia exemplar do que é o serviço público de radiodifusão”.
Todos os canais de rádio pública - Antena 1, Antena 2, Antena 3, RDP Internacional, RDP África, Antena 1 Madeira e Antena 1 Açores - estiveram a emitir em simultâneo, a partir das 16 horas. “A emissão da Antena 1 começou no noticiário do meio-dia. A partir daí, a direção largou um aviso a todos os repórteres e a todos os jornalistas para que se juntassem à emissão e, a partir daí, nunca mais parámos”, contou Mário Galego.
A importância do papel da rádio em momentos adversos fica assim marcada no ouvido dos portugueses, para que a informação nunca pare de chegar a todos: basta um rádio e pilhas.