Morreu denunciante que acusou fornecedor da Boeing de ignorar defeitos. É o segundo em dois meses
Um ex-auditor de qualidade da Spirit AeroSystems, fornecedora da Boeing, morreu devido a uma doença súbita. Dean foi despedido no ano passado depois de acusar a Spirit AeroSystems de ignorar defeitos na produção do 737 MAX. É a segunda morte em dois meses de pessoas relacionadas com os problema da empresa aérea.
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De acordo com o "Seattle Times", Joshua Dean, de 45 anos e conhecido por ter um estilo de vida saudável, foi infetado por uma bactéria altamente resistente a antibióticos, tendo contraído pneumonia e sofrido um acidente vascular cerebral (AVC). Morreu na terça-feira após duas semanas hospitalizado.
Dean, engenheiro mecânico, começou a trabalhar na Spirit em 2019. Foi demitido no ano seguinte após cortes relacionados com a pandemia e regressou à Spirit em maio de 2021 como auditor de qualidade. Em outubro do ano seguinte, Dean levantou preocupações sobre furos indevidamente perfurados em peças de aviões Boeing 373 Max, mas alegou que sinalizar o problema não teve efeito. Focado nesses defeitos, não se apercebeu de uma outra falha de fabricação nos acessórios que prendem a cauda vertical à fuselagem. Quando isto foi descoberto em abril de 2023, foi despedido.
O engenheiro alegou que a empresa o despediu por sinalizar os defeitos nos furos indevidamente perfurados, usando uma "justificação falsa" como pretexto para “silenciá-lo”, segundo um processo de dezembro de 2023 mencionado pela "NPR" em janeiro.
Joshua Dean também apresentou uma queixa contra a Spirit junto da Administração Federal de Aviação, acusando a empresa de “má conduta grave e grosseira por parte da gestão sénior de qualidade da linha de produção do 737”.
Este é o segundo denunciante da Boeing a morrer repentinamente, depois de John Barnett ter sido encontrado morto, em março, dentro do seu camião no parque de estacionamento de um hotel há menos de dois meses. De acordo com as autoridades da Carolina do Sul, Barnett, de 62 anos, morreu devido a um aparente ferimento de bala "autoinfligido". Conhecido por ter levantado preocupações sobre os padrões de produção da Boeing, Barnett trabalhou para a empresa durante 32 anos e reformou-se em 2017 por motivos de saúde. Em 2019, o denunciante afirmou que os funcionários da empresa eram pressionados a instalar peças de menor qualidade durante a produção e assegurou ter descoberto problemas "graves" com os sistemas de oxigénio.
A Boeing tem estado debaixo de fogo desde que um 737 Max perdeu uma porta de saída de emergência logo após a descolagem de Portland, a 5 de janeiro, enquanto voava com 117 pessoas a bordo a uma altitude de aproximadamente 4876 metros. De acordo com o relatório preliminar da agência norte-americana responsável pela segurança dos transportes (NTSB), faltavam quatro parafusos na aeronave.