Escolas fechadas no Porto: "Os professores fazem falta e deviam ser bem remunerados"
Cadeados nos portões e milhares de alunos sem aulas. É este o cenário em várias escolas do Porto, esta sexta-feira, devido à greve nacional dos professores. A Escola Secundária Carolina Michaelis e a Escola Alexandre Herculano estão encerradas. Paralisação foi convocada por uma plataforma de nove sindicatos.
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A campainha tocou às 8.30 horas, mas os portões permaneceram fechados. O aviso afixado à entrada da escola Carolina Michaelis, no Porto, já deixava essa indicação, mas o grupo de amigos de Simão Pinho, de 16 anos, ainda se dirigiu ao estabelecimento na esperança de ter aulas. No exterior, eram pouco mais de dez alunos.
Ao JN, Simão Pinho, preparado para ter aulas de português, físico-química e matemática, apesar de estar satisfeito por começar o fim-de-semana mais cedo, reconhece o significado do dia para os professores. “Mostra que os professores fazem falta na escola e deviam ser bem remunerados e não são. Acho que é uma boa forma de mostrar as suas reivindicações”, afirma.
Simão, que frequenta o 11.º ano e vai realizar exames nacionais no final do ano letivo, notou ainda que espera ter um ano tranquilo e com poucos “furos”. “Estamos a perder aulas importantes. Se for só uma durante o ano inteiro não tem problema, mas se continuarem a existir muitas greves pode prejudicar”, salienta.
A poucos metros de distância, na Escola Secundária Rodrigues Freitas, a adesão dos professores à greve não foi total e a turma de Ricardo Rincon, 17 anos, teve a primeira aula do dia. “Tivemos aula de biologia, mas agora vamos ter furo a matemática, depois temos aula de filosofia de preparação para os exames do final do ano e português”, explica ao JN.
“A luta vai continuar ao longo deste ano letivo”
Na entrada da escola, Rui Melo, 48 anos, professor do 4.º ano na Escola Básica da Torrinha, diz ao nosso jornal que “desta vez” decidiu não aderir à greve. “Normalmente costumo aderir, mas também pesa ao fim do mês no orçamento”, explica.
“Estou inteiramente a favor da nossa luta e solidário com os colegas que fizeram greve. A luta vai continuar ao longo deste ano letivo, é necessário negociar a contagem do tempo de serviço e melhores condições do trabalho”, realça.
No Agrupamento de Escolas Rodrigues de Freitas, apesar da escola sede estar a funcionar com alguns constrangimentos, a Escola Básica da Torrinha e da Bandeirinha estão fechadas. O Jardim de Infância de Carlos Alberto também não está a funcionar.
Já na Escola Alexandre Herculano o cenário é idêntico, nenhum aluno vai ter aulas. Maria João Cardoso, dirigente do Sindicatos dos Professores da Zona Norte e da Federação Nacional de Educação (FNE), explica ao JN que a “adesão está a ser muito forte no Porto”. “Estamos todos à espera que esta greve seja um sinal forte para o ministro da Educação e ao primeiro-ministro verem que os professores continuam unidos. Continuamos nesta causa de valorizar a educação, a luta vai continuar”, admite ao JN.
A professora de inglês e alemão aproveitou o dia de protesto para começar a recolher mensagens de professores, alunos e pessoal de apoio educativo da Escola Alexandre Herculano para oferecer, no Natal, ao ministro da Educação, João Costa. “Vai ser o nosso presente de Natal”, finaliza.
Para além da escola sede do Agrupamento de Escolas Alexandre Herculano estar fechado, também não abriram os portões da EB 2,3 Ramalho Ortigão está fechada e da EB1 do Campo 24 de Agosto.
A greve nacional de professores foi convocada por uma plataforma de nove sindicais, entre elas a Federação Nacional de Professores (Fenprof) e a Federação Nacional de Educação (FNE).
Na primeira paralisação do atual ano letivo - que começou há menos de um mês-, os professores voltam a exigir a contabilização integral do tempo de serviço congelado: seis anos, seis meses e 23 dias. O fim das vagas para progressão aos 5.º e 7.º escalões e das quotas de avaliação são outras das exigências das nove plataformas que organizam esta greve.