A Linha SNS24 vai marcar consultas no médico de família. Projeto-piloto arranca esta quarta-feira na Póvoa/ Vila do Conde mas é para alargar a todo o país. Saiba o que muda.
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Porquê começar pela Póvoa de Varzim/Vila do Conde?
O projeto-piloto avança na Póvoa de Varzim/Vila do Conde com uma forte campanha de informação aos utentes. Os dois concelhos foram escolhidos porque têm uma taxa de cobertura de médico de família próxima dos 100% e os cuidados primários são assegurados por 14 unidades de saúde familiar (USF), das quais 12 modelo B, com remuneração associada ao desempenho.
É um dos agrupamentos de centros de saúde com melhores resultados do país e está a trabalhar com o hospital para ser uma unidade local de saúde. A área geográfica limitada, a mobilidade fácil e o facto de o hospital ter quase 50% de falsas urgências (adultos e pediátricos) também pesaram na decisão.
Como funciona o novo modelo?
Antes de ir à urgência, o utente deve sempre ligar para o SNS24 (808 24 24 24). Em função das respostas e dos resultados do algoritmo - que está a ser revisto - o enfermeiro encaminha para autocuidados, para a unidade de saúde familiar ou para o hospital, acionando o INEM em caso de emergência.
O que muda no SNS24?
Se o utente necessitar de ser observado por um médico, o SNS 24 acede à agenda dos centros de saúde criada para este efeito (nesta fase apenas no ACeS da Póvoa/Vila do Conde) e marca uma consulta no próprio dia ou dia seguinte na unidade de saúde do utente. Se for aos sábados, domingos ou feriados, a consulta terá lugar no edifício sede do ACeS com equipas rotativas das 14 USF. Quando desliga o telefone, o utente já tem data e hora marcadas para a consulta, não há contacto posterior.
E se o utente for mal referenciado pelo SNS24?
Os algoritmos de referenciação dos utentes pelo SNS24 estão a ser revistos, especialmente nas patologias mais comuns, para evitar encaminhar para a urgência doentes que depois serão classificados como verdes ou azuis.
A DE-SNS espera que a revisão, que está a ser feita por um grupo de peritos, esteja concluída até ao inverno. Se o doente for referenciado para a urgência pelo SNS24 e receber pulseira verde ou azul é atendido na urgência, garante Fernando Araújo.
O que muda no centro de saúde?
Há várias mudanças em curso: as unidades de saúde familiar abrem uma agenda para receberem em consulta aberta os doentes encaminhados pelo SNS24 e pelos hospitais; as equipas organizam-se para rotativamente darem resposta aos fins de semana e feriados no edifício-sede; os médicos de família passam a poder marcar uma consulta prioritária no hospital para o doente ser observado rapidamente por determinada especialidade, fora da urgência.
As equipas de saúde familiar também vão poder articular-se com o serviço de hospitalização domiciliária para internar em casa sem necessidade de ir à urgência; todos os profissionais das USF vão ter formação em Suporte Básico de Vida e os enfermeiros em Suporte Imediato de Vida.
O que muda no hospital?
Terá consultas de especialidade para atender, no máximo em 72 horas, os não urgentes referenciados pelos cuidados primários. No caso do CHPVVC haverá consulta aberta prioritária de medicina interna, ginecologia/obstetrícia, cirurgia geral, ortopedia, imuno-hemoterapia; psiquiatria e consulta multidisciplinar do pé diabético.
Estas consultas ocorrem num espaço contíguo à urgência, onde funcionará também um hospital de dia multidisciplinar para que quem necessite de uma intervenção não programada não tenha de ir à urgência.
O hospital está também empenhado em resolver as pulseiras brancas (doentes que vão à urgência para procedimentos não programados e reavaliações médicas).