A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda assumiu, este domingo, a "grande derrota" do partido mas não tenciona sair da liderança. Mariana Mortágua antecipa que mantém moção à próxima Convenção Nacional e diz que vai reconstruir a Esquerda para combater a extrema-direita.
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A coordenadora nacional do Bloco de Esquerda (BE) assumiu, ontem, que o partido teve uma “grande derrota” mas garantiu que, apesar disso, não tenciona abandonar a liderança. Pelo contrário. Mariana Mortágua mantém a moção à próxima Convenção Nacional e garante que vai reconstruir a Esquerda para combater a extrema-direita.
Ao início da noite eleitoral, Mariana Mortágua garantia estar “supertranquila”. “É um bom estado de espírito. Estou supertranquila e contente. Fizemos uma grande campanha, uma boa campanha”, garantiu a coordenadora do BE, ao chega à Casa do Alentejo, numa altura em que ainda não se sabia que estaria até às 23 horas à espera de saber se seria eleita.
Acabou por ser uma noite em que o BE perdeu quatro deputados, ficando sem o grupo parlamentar, e a sua líder passou a ser deputada única. Ainda assim, Mariana Mortágua manteve que o BE fez “uma boa campanha”. Mas não conseguiu fugir à evidência: “A Esquerda tem uma derrota importante, o BE tem uma grande derrota esta noite e é importante assumirmos esta derrota com toda a humildade de frontalidade”.
A derrota que Mariana Mortágua sentiu até na sua terra natal, Alvito (onde o Chega foi vencedor), não a levou, todavia, a bater com a porta. A coordenadora nacional do BE garante que mantém a moção à próxima Convenção Nacional. “Mantenho inteiramente esse compromisso. Nos momentos bons e nos momentos maus, estamos todos cá, todos”, assegurou.
A coordenadora nacional do BE preferiu mostrar-se empenhada na batalha que diz ter pela frente. “Temos muito trabalho pela frente para construir a Esquerda, alargá-la e enfrentar a extrema-direita. Cá estaremos para o fazer. Temos muito trabalho pela frente”, avisou.
”Logo ao anúncio das primeiras projeções, o crescimento da extrema-direita já tinha ido a maior preocupação do dirigente nacional bloquista Jorge Costa, que previu “tempos difíceis” para o país ao admitir “uma vitória da direita em toda a linha”. Um cenário que colocou os militantes do BE a entoar, pela noite, “25 de Abril sempre, fascismo nunca mais”.
Jorge Costa sublinhou que o BE já tinha “levantado essa possibilidade durante a campanha”. Daí ter recusado iniciativas como visitas a feiras ou arruadas, para colocar no “centro” das atenções a “luta por questões essenciais da igualdade, do acesso à habitação, do direito dos trabalhadores por turnos, a oposição à guerra e em defesa da paz.
De resto, uma luta que a dirigente do BE Andreia Galvão também garantiu que se vai manter, independentemente do resultado. “Nunca faltamos à luta”, vincou.
A dirigente bloquista foi a primeira voz do Bloco a ser ouvida ontem, na Casa do Alentejo, em Lisboa, onde o partido montou o “quartel-general” da noite das legislativas e onde marcaram presença a eurodeputada e antiga coordenadora nacional do partido, Catarina Martins, Fabian Figueiredo, líder parlamentar e número dois por Lisboa, além de dois dos três fundadores que se candidatam nas legislativas de ontem e regressaram às listas do partido mais de uma década depois: Luís Fazenda, candidato por Aveiro, e Fernando Rosas, por Leiria. Já Francisco Louçã esteve em Braga, círculo em que encabeçou a lista do Bloco.