O candidato à liderança dos socialistas disse, este sábado, querer contribuir para a estabilidade política. No mesmo dia, Pedro Nuno Santos disse ter saído da vida política partidária, mas não decidiu ainda se será ou não deputado no Parlamento.
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José Luís Carneiro, o único candidato até agora à liderança do PS e o quase certo futuro secretário-geral do partido, afirmou este sábado que os socialistas vão contribuir para a estabilidade política do país, mas desafiou a Aliança Democrática (AD), composta por PSD e CDS, a mostrar ao que vem e com quem quer dialogar. A reunião da Comissão Nacional do PS ficou marcada pela despedida de Pedro Nuno Santos. O agora ex-líder do PS disse não ter ainda tomado uma decisão sobre se vai ocupar o lugar de deputado. O partido vai a votos nos dias 27 e 28 de junho.
“Nós compreendemos bem a mensagem que nos foi endereçada, e o Partido Socialista, naquilo que de si depender, tudo fará para contribuir para a estabilidade política do país”, referiu José Luís Carneiro aos jornalistas, à saída da reunião deste sábado da Comissão Nacional do PS, que aconteceu no Hotel Altis, em Lisboa. O ex-ministro da Administração Interna disse, contudo, que a AD terá de dar “o primeiro passo para que esse diálogo se possa encetar”.
Perante a Comissão Nacional e os demais socialistas, Carneiro prometeu “saber ouvir todos e contar com todos”, segundo a agência Lusa. “O PS será oposição responsável, séria e firme”, disse o agora candidato a líder do PS. Para José Luís Carneiro, o partido deve votar contra a moção de rejeição apresentada pelo PCP.
Sem arrependimentos
À entrada para a reunião, Carlos César – que assume a liderança do partido até às eleições internas – referiu não haver dúvidas de que o PS vai viabilizar o programa de Governo da AD. Já a decisão sobre o Orçamento do Estado será tomada pelo próximo secretário-geral, acrescentou.
Quem está de saída é Pedro Nuno Santos, que venceu as eleições internas do PS em dezembro de 2023 contra José Luís Carneiro, mas não resistiu à segunda derrota numas legislativas. O PS teve no domingo um dos piores resultados da sua história e poderá tornar-se o terceiro partido mais votado, após os votos da emigração. O ex-secretário geral disse este sábado ter terminado a sua “vida política partidária”.
“Já não sou secretário-geral. Termino um percurso de muitos anos de dedicação ao PS e ao país”, referiu Pedro Nuno Santos. Sem decisão tomada sobre se ocupará o lugar de deputado na Assembleia da República, o socialista garante não se ter arrependido de ter chumbado a moção de confiança ao Governo. “Numa democracia avançada e qualificada, o atual primeiro-ministro não era primeiro-ministro”, insistiu, referindo-se à polémica da empresa familiar de Luís Montenegro, a Spinumviva.
Núcleo duro
O núcleo duro do PS terá tentado convencer Pedro Nuno Santos a viabilizar a moção de confiança para evitar eleições, avançou este sábado o jornal “Público”. Entre os nomes a tentar demover o ex-líder estariam Alexandra Leitão, Pedro Delgado Alves, Carlos César, Mariana Vieira da Silva e João Paulo Rebelo. Pedro Nuno Santos terá dito que não iria ceder à chantagem de Luís Montenegro.
De recordar que, no debate da moção de confiança, em março, o PSD sugeriu uma reunião privada entre o Governo e o PS. O Executivo chegou a propor aos socialistas uma comissão de inquérito de 15 dias ao caso Spinumviva. A proposta não foi aceite pelo PS.
Mariana Vieira da Silva escreveu este sábado na rede social X que “uma decisão política é tomada em debate”. “Uma vez tomada uma decisão, somos todos solidários com essa decisão, batemo-nos por ela, e assumimos todos as suas consequências”, referiu.