Presidente do F. C. Porto critica a opção de André Villas-Boas pelo ex-guarda-redes espanhol para o cargo de diretor-desportivo, caso ganhe as eleições de 27 de abril.
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Pinto da Costa comentou a atual crise de resultados do F. C. Porto, mostrando-se convencido de que o ruído à volta do ato eleitoral no clube não tem interferência nas exibições da equipa.
"Não, penso que não. A equipa tem valor, está a atravessar um mau momento devido a fatores estranhos que não vale a pena, mais uma vez, estar a enumerar. Agora, uma equipa que fez o que fez na Liga dos Campeões com o Arsenal e que venceu o Benfica por 5-0 há pouco mais de um mês não é uma equipa sem qualidade. Tem havido fatores e estamos a mentalizar e a preparar os jogadores para se abstraírem disso e apenas irem para o jogo pelo jogo. Estou convencido de que contra o V. Guimarães [esta quarta-feira], num jogo importantíssimo, que abre as portas da final da Taça, em Oeiras, a equipa vai corresponder e mostrar o seu real valor", afirmou o presidente portista, numa entrevista à Rádio Renascença.
Depois de ter dito à SIC que as arbitragens começaram a prejudicar o F. C. Porto após a apresentação da candidatura de André Villas-Boas, o dirigente azul e branco insistiu na ideia, deixando um reparo ao Conselho de Arbitragem: "Eu não sei se foi quando ele assumiu a candidatura, agora que têm sido infelizes, têm. Afinal, há um caso curioso: eu protestei e puseram-me um inquérito por protestar contra o que se passou no penálti do Estoril, e agora o Conselho de Arbitragem vem dar-me razão, pois o árbitro, depois de marcado, não devia ter revertido o penálti, nem o VAR devia ter intervindo. Portanto, eu tenho um processo por ter dito aquilo que eles estão a dizer. Se calhar eles também vão ter um processo...".
Sobre as declarações de Sérgio Conceição após o empate com o Famalicão, relacionadas com uma alegada tentativa de "tirar o sucesso desportivo do Norte do país", Pinto da Costa concorda. "Eu acho que é tão evidente que, quando não falo nisso, como hoje, desde que me sentei toda a gente me faz essa pergunta. Se me fazem essa pergunta, ninguém me pergunta se penso que os espanhóis estão a atacar o Porto. Agora, que é evidente que há uma luta norte-sul ou Lisboa-Porto e que querem a hegemonia total do futebol português em Lisboa, isso parece-me que é evidente para todos", disse, revelando, ainda assim, que quer ver o Benfica conquistar a Liga Europa.
"Independentemente de abrir ou não abrir [uma janela de oportunidade ao F. C. Porto na Liga dos Campeões], gostava sempre que qualquer equipa portuguesa ganhasse uma prova internacional. Naturalmente que não vou ser hipócrita: em Portugal, quero que o Benfica perca sempre. Mas, quando qualquer equipa nacional está a jogar no estrangeiro, quero que ganhe. Obviamente queria que ganhasse", referiu, com críticas para a escolha de Andoni Zubizarreta para diretor-desportivo, caso Villas-Boas ganhe as eleições.
"É uma decisão bizarra escolher para um lugar importantíssimo um estrangeiro que não tem o mínimo conhecimento do futebol português. Não se trata de conhecer o mercado, que isso toda a gente conhece, mas conhecer jogadores, treinadores e o futebol português", disparou Pinto da Costa, falando ainda da questão da possível continuidade de Sérgio Conceição na próxima época: "Vejo um treinador que é meu amigo, que está comigo e que tenho a certeza que vai continuar comigo. Agora, não o quero envolvido nas eleições. E acho uma grande irresponsabilidade, porque a escolha do treinador é a decisão principal, acho extraordinário que as outras candidaturas ainda não tenham um treinador. O candidato Villas-Boas, ainda há dias, disse que não tinha falado com nenhum treinador, que está à espera para ser eleito para se sentar com o Sérgio Conceição. Acho isto uma irresponsabilidade".