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Algumas cenas infelizes, porque ofensivas, na cerimónia de abertura dos Jogos Olímpicos em Paris, inundaram as redes sociais e fizeram com que tantas outras, tão bem conseguidas, perdessem toda a relevância. Foi o caso do que pareceu ser uma paródia da Última Ceia de Leonardo da Vinci, protagonizada por Barbara Butch, uma ativista lésbica francesa, acompanhada por dançarinos e travestis. Esta e outras cenas irritaram, não só os cristãos, mas também outras comunidades religiosas.
Os bispos franceses realçaram num comunicado os “momentos maravilhosos de beleza, de alegria, ricos de emoções e universalmente elogiados” que caracterizaram a cerimónia. Lamentaram, porém, que esta tenha incluído “cenas de escárnio e zombaria do cristianismo”, que consideraram deploráveis.
A organização dos Jogos apressou-se a assegurar que “nunca houve a intenção de desrespeitar qualquer grupo religioso”. O diretor artístico da cerimónia de abertura, Thomas Jolly, tentou tapar o sol com a peneira, negando veementemente o que transpareceu em cenas como a referida paródia: “O meu desejo não é ser subversivo, nem gozar ou chocar”.
Ora, “quem não se sente não é filho de boa gente”, diz a sabedoria popular. Contudo, os cristãos não podem esquecer-se que Jesus Cristo, no alto da cruz, foi o alvo das injúrias e da chacota da multidão. Ele próprio preparou os seus apóstolos para essa eventualidade, ao recordar-lhes que “o discípulo não está acima do mestre” (Mt. 10, 24).
Para além de ofender os cristãos, a paródia da Última Ceia foi mais lamentável por ter posto em causa o esforço de setores da Igreja Católica que, com o apoio do Papa Francisco, desejam que no seu seio ninguém seja discriminado nem excluído devido à sua orientação sexual. Em vez de ajudar, prejudicaram a integração da comunidade LGBTQ+ na Igreja. Um tiro no pé.