A Fundação Jornada Mundial da Juventude Lisboa 2023 garante que “emite as faturas que lhe são solicitadas”. A mãe de uma peregrina denunciou esta semana, numa publicação nas redes sociais, ter-lhe sido recusado o acesso ao recibo da inscrição da filha no evento católico, mas a Fundação desmente.
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A mãe de uma peregrina e vice-presidente do PSD de Olhão, Cláudia Sofia Sousa, denunciou, na rede social Facebook, que a Fundação JMJ se recusou a passar-lhe uma fatura dos 235 euros que pagou pelo alojamento, alimentação, transporte, seguro e um kit para peregrinos da filha, que vai participar no evento católico.
“Paguei 235 euros para a minha filha participar na JMJ Lisboa 2023 (...). Considerações à parte, pedi um recibo do valor pago para efeitos fiscais. Disseram-me que é complicado, que não é possível porque, porque, porque... que a JMJ é uma organização sem fins lucrativos e os pagamentos são feitos coletivamente e não há forma de emitir recibos individuais. Sem querer ser chata, era só para partilhar publicamente. Tirem as vossas conclusões”, escreveu, na última segunda-feira.
Cláudia Sofia Sousa sugere ainda que a organização possa estar a fugir aos impostos. “Espera-se mais de um milhão de peregrinos. É fazer as contas, ‘tax free’ (livre de impostos)”, acusou. Mais tarde, informou ainda na mesma publicação, que o valor tinha sido pago “em notas a uma catequista”. “Mas não posso provar a ninguém que paguei porque não tenho qualquer tipo de recibo e, quando o solicitei à pessoa responsável, [ela] disse que não era possível, por ser muito complicado”, acrescentou.
A mãe da peregrina fez uma nova publicação, esta tarde de quarta-feira, na qual admite que o seu caso “é particular e pode estar descontextualizado", mas, reforça, "não retiro uma vírgula aos factos que mencionei”. “Continuo a não ter um recibo por ter pago em dinheiro. E quantos grupos haverá assim pelo país? Investiguem!”, apela.
Cláudia Sofia Sousa lamenta ao JN que haja “um problema de organização” e que “as coisas sejam feitas de forma propícia a que haja pouco controlo e o processo não seja muito transparente”.
“A nível local (Paróquia de Olhão), todos os pais fizeram o pagamento da inscrição dos filhos desta forma. Nunca foi apresentada outra alternativa, de transferirmos para uma conta. A sugestão foi sempre entregar em dinheiro. Deve acontecer noutras paróquias do país”, alerta, acrescentando que só quis “expor publicamente esta situação”.
A mãe da peregrina vai pedir novamente um recibo, mas não tem esperança porque não tem nenhum comprovativo de como fez o pagamento. “Entreguei o dinheiro de boa fé a quem está a organizar o evento a nível local, mas não tenho documentação que comprove o que paguei”, constata, acrescentando que não foi contactada pela Fundação após a polémica que gerou a sua publicação.
Confrontada com esta situação, a JMJ desmente-a. “Não temos informação que, neste caso concreto, nos tenha sido solicitado qualquer comprovativo de pagamento. No entanto, esse pedido poderá ser feito a qualquer momento”, garante.
A fundação responsável pela organização da Jornada da Juventude, que arranca na próxima terça-feira, em Lisboa, acrescenta que “muitas das faturas são passadas ao grupo que a requer”. “A Fundação emite faturas-recibo das contribuições de participação que, na sua maioria são feitas a grupos de peregrinos, em complemento ao recibo de pagamento que é emitido pela plataforma de inscrições do Vaticano”, explica.
O JN perguntou ainda à Fundação quantas faturas já emitiu e quantos "pacotes" de participação para peregrinos foram vendidos, mas a organização disse que não tinha os dados disponíveis neste momento. Enviou ainda questões à Autoridade Tributária, que não respondeu.