Sondagem: Veja aqui que partidos podem eleger deputados em cada um dos 20 círculos eleitorais
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A AD, a IL e o Livre são as três forças políticas que poderão reforçar o número de deputados nas eleições de domingo. Ao contrário, e de acordo com uma projeção feita com base nas 3780 entrevistas realizadas ao longo da sondagem diária da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN, o PS, o Chega, a CDU, o BE e o PAN arriscam perder força na Assembleia da República. Apesar da subida, a soma dos deputados da AD e da IL não deverá ser suficiente para uma maioria parlamentar: teriam, no cenário mais provável, 101 deputados (são necessários 116).
Note-se que esta projeção da Pitagórica é um exercício de probabilidades e não uma previsão (ler nota técnica detalhada mais abaixo). Tendo por base todos os inquéritos realizados para a sondagem diária, entre 28 de abril e 15 de junho, estima três cenários para cada círculo eleitoral (o mínimo, o máximo e o mais provável) e, dessa forma, chega à projeção do número de deputados possíveis para cada força política na próxima legislatura. Sendo certo que reflete intenções de voto e não a escolha efetiva dos portuguesas, que essa só se fará a 18 de maio.
Assim, e tendo em conta os dados recolhidos ao longo de um pouco mais de duas semanas, conclui-se que não é provável que haja uma maioria parlamentar estável de nenhum dos grandes blocos políticos. A soma de deputados da coligação de centro-direita e da Iniciativa Liberal deverá oscilar entre 87 (cenário mínimo) e 114 (cenário máximo) eleitos. Ou seja, mesmo sendo-se generoso, menos dois do que os 116 que permitiram a “estabilidade” que tem pedido Luís Montenegro. À Esquerda, a possibilidade de uma maioria é ainda mais longínqua: a soma do PS com os outros quatro partidos mais pequenos oscila entre 67 e 104 deputados. O cenário mais provável aponta para apenas 82 (nas últimas legislativas elegeram 91).
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Só AD, PS e Chega têm hipóteses de eleger nos 20 círculos
Se tivermos em conta o cenário mais provável para cada partido, as forças políticas ficariam assim ordenadas (sem contar com os quatro deputados dos dois círculos da emigração, que a sondagem não mediu): AD com 88 eleitos (mais nove do que nas legislativas de março do ano passado); PS com 71 (menos seis); Chega com 43 (menos cinco); IL com 13 (mais cinco); Livre com 7 (mais três); CDU com 3 (menos um); BE com 1 (menos três); enquanto o PAN perderia a sua única deputada e seria varrido do Parlamento.
Note-se, ainda, que só há três partidos com possibilidade de eleger em todos os 20 círculos eleitorais (os 18 distritos do Continente, mais Açores e Madeira): a AD, o PS e o Chega. Ao contrário, só há sete círculos em que os outros cinco partidos podem eleger, todos no litoral: Braga, Porto, Aveiro, Leiria, Lisboa, Setúbal e Faro. Concretizando, a Iniciativa Liberal e o Livre têm a porta aberta em seis círculos cada um; a CDU, o BE e o PAN em três (embora este último com hipóteses muito reduzidas). Mas vejamos as projeções círculo a círculo, do maior (Lisboa), para o menor (Portalegre), usando como referência o cenário mais provável (na infografia abaixo poderá ver detalhadamente qual é o mínimo e o máximo de cada partido em todos os círculos).
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Quem ganha e quem perde em cada um dos maiores círculos
Em Lisboa, o maior círculo eleitoral do país, com 48 deputados, e no cenário mais provável, a AD ganharia dois deputados relativamente às legislativas de 2024 e conseguiria 16, tal como o Livre, que duplicaria a sua representação de dois para quatro. Os liberais também conquistariam mais um (totalizando quatro). Os restantes perderiam todos um deputado, ou seja o PS teria 14, o Chega oito, a CDU e o BE um, e o PAN não conseguiria eleger a sua líder, Inês Sousa Real.
No Porto, o segundo maior círculo eleitoral do país (40 deputados), quem mais poderá crescer é a IL, que no ponto central conseguiria mais dois eleitos do que em 2024 (passaria para quatro), enquanto a AD (15) e o Livre (2) ganhariam um. Ao contrário, o PS perderia dois (e ficaria com 11), tal como o BE, que ficaria sem representação no distrito. Chega (7) e CDU (1) não teriam alterações face às últimas legislativas.
Em Braga, que tem 19 deputados para distribuir, o cenário mais provável diz-nos que a IL conseguiria passar de um para dois deputados, “roubando” um deputado ao PS (ficaria com cinco). A AD manteria oito e o Chega quatro. No entanto, nos cenários mais extremos, a AD também arrisca perder um mandato, enquanto o Chega pode conquistar mais um e o Livre tem a hipótese de se estrear no distrito.
Também Setúbal elege 19 deputados, mas o cenário é muito mais fragmentado que o de Braga, com todos os oito partidos com alguma hipótese (ainda que em alguns casos remota) de eleger deputados. No ponto central, no entanto, quem acrescenta um deputado relativamente ao passado é a AD (passando para cinco) e a IL (passaria a dois). Deputados que seriam perdidos pelo PS (ficaria com seis) e pelo BE (que perderia a representação no distrito). O Chega manteria quatro, e a CDU e o Livre um cada um.
Em Aveiro, que é o que se segue na lista dos maiores contingentes de deputados na Assembleia da República, as possibilidades estreitam-se drasticamente. Aliás, no cenário mais provável não haverá qualquer alteração face a 2024: AD (7), PS (5), Chega (3) e IL (1). No entanto, nos cenários mais extremos, a AD e a IL podem conquistar mais um, enquanto o PS e o Chega podem perder um.
Em Leiria escolhem-se dez deputados e há dois partidos que podem eleger pela primeira vez um deputado pelo distrito: IL e Livre. Se acontecer, será à custa de dois dos três maiores partidos. Mas a verdade é que no ponto central a AD voltaria a vencer (cinco deputados), enquanto o PS “roubaria” um eleito (subindo para quatro) ao Chega (que ficaria reduzido a um).
Quem ganha e quem perde em cada um dos círculos menores
Seguem-se três círculos eleitorais em que serão escolhidos nove deputados. O mais aberto à diversidade é Faro, com quatro partidos a terem hipótese de eleger, uma vez que, no cenário máximo para o Livre, este partido pode estrear-se no distrito. Não é assim, no ponto central, que aponta para o mesmo resultado das últimas legislativas, ou seja três deputados para AD, Chega e PS. Mas também é verdade que, nos cenários mais extremos, os socialistas podem perder um e a AD, e o Chega e o Livre ganharem um.
Em Coimbra também não haverá alteração, se o cenário mais provável se confirmar: PS (4), AD (3) e Chega (2). Mas, nos cenários mais agudos, a AD pode ganhar um eleito, à custa de PS ou Chega.
Em Santarém, como de resto em todos os círculos eleitorais que se seguem nesta lista, também só há três partidos com possibilidade de eleger deputados. Mas no distrito ribatejano, se tivermos em conta o ponto central, haverá alterações relativamente a 2024: a AD ganharia um e passaria para quatro, à custa do Chega, que desceria para dois. O PS deve manter-se nos três.
Na Madeira há seis deputados para distribuir e também haverá alterações, considerando o cenário mais provável: a AD passaria de três para quatro; o PS de dois para um; e o Chega manteria um eleito. Note-se, no entanto, que também se levanta a hipótese de a conquista da AD se fazer à custa do Chega, o que, a acontecer, deixaria este partido sem representação pela região.
Seguem-se três círculos com cinco deputados. Em Viana do Castelo, o mais provável é que não haja mudanças, com a AD e o PS a manterem dois eleitos e o Chega um. Mas nos cenários mínimos e máximos, a AD pode conquistar um, à custa do PS ou do Chega (que ficaria sem representação no distrito). Nos Açores também ficaria tudo na mesma, com a AD (dois), PS (dois) e Chega (um). No cenário mais improvável, a AD pode conquistar um aos socialistas ou ao Chega. Em Vila Real, e logo no ponto central, o Chega perde de facto o seu único deputado para a AD (subiria para três), enquanto o PS manteria dois.
Em Castelo Branco há quatro deputados por atribuir e tudo ficará na mesma, se se cumprir o cenário mais provável: PS (dois), AD (um) e Chega (um). Mas a AD poderá chegar a dois, à custa do PS ou do Chega (que ficaria sem representação no distrito).
Há quatro círculos eleitorais com apenas três deputados. Em Bragança tudo deverá ficar igual, com dois deputados para a AD e um para o PS. Mas a AD está em risco de perder um, para os socialistas ou para o Chega, nos cenários menos prováveis. Nos círculos de Beja e de Évora aponta-se para um deputado para cada um dos três partidos que já os tem: PS, AD e Chega. Mas os socialista têm alguma hipótese (ainda que longínqua) de conseguir mais um à custa da coligação de centro-direita ou do Chega (que ficaria sem representação nos dois distritos). Na Guarda, aí sim, anuncia-se uma alteração: a AD (dois) deverá conquistar um deputado ao Chega (ficaria sem nenhum), mantendo o PS o seu eleito.
Finalmente, no círculo mais pequeno do país, Portalegre, que só tem dois deputados para distribuir, o cenário mais provável aponta, tal como em 2024, para um deputado para o PS e outro para o Chega. Mas, nos cenários mais extremos, tanto poderiam ser os socialistas a eleger os dois, como é possível a AD conseguir ter representação, ou o Chega perdê-la.
Nota técnica
A presente nota descreve como foi construída a projeção de deputados que será divulgada a 16 de maio de 2025, com base no “tracking poll” cuja publicação iniciou no dia 2 de maio. O objetivo é sintetizar o processo e explicitar os principais limites estatísticos, em especial a heterogeneidade das bases amostrais por distrito; e a junção de entrevistas recolhidas em momentos temporalmente distantes (até 17 dias de diferença).
Período de recolha: 28 de abril a 15 de junho (18 dias consecutivos). Número total de entrevistas válidas: 3780 entrevistas. Cobertura geográfica: 18 círculos eleitorais distritais e duas regiões autónomas (não foram incluídos os círculos da Europa e fora da Europa). Método: Entrevistas telefónicas assistidas por computador (CATI). Estratificação da amostra: distrito x género x 3 grupos etários (18‑34, 35‑54, 55+).
Do tracking à projeção de mandatos
Tracking de intenção de voto. Os resultados diários publicados entre 2 e 16 de maio refletem apenas as entrevistas desse dia (≈ 210 entrevistas/dia).
Necessidade de base mínima por distrito. Para transformar intenção de voto em mandatos é imprescindível trabalhar à escala de cada círculo eleitoral. Nalguns distritos a amostra diária seria inferior a 10 entrevistas, inviabilizando estimativas robustas.
Estratégia adotada. Agregaram‑se as 3780 entrevistas do período total. Ainda assim, os distritos de menor dimensão continuam a ter uma base amostral insuficiente
Conversão de votos em mandatos
Aplicou‑se o método de Hondt à distribuição de votos ponderados em cada distrito.
Para refletir a incerteza e as margens de erro estimaram-se três cenários por partido: mínimo (menor número de mandatos estimado); máximo (maior número de mandatos estimado); mais provável (cenário mais provável de acontecimento tendo por base o ponto central)
Limitações e precauções de leitura
Bases amostrais reduzidas: nos distritos mais pequenos, o erro‑padrão distrital pode exceder ±8 p.p. e um único inquirido pode pesar mais de 0,8 p.p. no resultado. Entrevistas não equiponderadas temporalmente: a agregação inclui respostas com 2–3 dias e outras com 12–15 dias; embora o ranking atenue o efeito, oscilações de última hora podem ficar sub‑representadas.
Mudança de clima eleitoral: o tracking mostra variações diárias até ±1,5 p.p.; desde 16 de maio não há recolha adicional; qualquer evento posterior pode alterar a realidade captada. Intervalos não são predições pontuais: o cenário “mais provável” resulta da simulação estatística; o intervalo [mín, máx] contém, por construção, 95 % dos resultados simulados, sem garantir que abranja o resultado efetivo.