Narges Mohammadi vence Nobel da Paz pela luta contra a opressão das mulheres no Irão
A iraniana Narges Mohammadi, presa pela 13.ª vez, venceu o Prémio Nobel da Paz de 2023.
Corpo do artigo
O Comité Nobel Norueguês atribuiu, este ano, o Prémio Nobel da Paz à ativista iraniana Narges Mohammadi, atualmente na prisão, "pela luta contra a opressão das mulheres no Irão e pela promoção dos direitos humanos e liberdade para todas".
A atribuição do galardão à causa iraniana, em linha com aquilo que eram as expectativas avançadas nas últimas semanas, acontece pouco mais de um ano depois da morte de uma jovem iraniana às mãos da Polícia ter dado força à onda de indignação, ativismo e revolta que já se verificava no país.
Mahsa Amini morreu em setembro de 2022, aos 22 anos, depois de ter sido detida em Teerão por, alegadamente, violar o rigoroso código de vestuário imposto às mulheres iranianas quanto a uso de hijab (tradicional véu islâmico). À morte da iraniana seguiram-se vários protestos por todo o país contra os abusos cometidos pelas autoridades governativas e forças de segurança do Irão.
"Coragem e determinação das mulheres do Irão"
O prémio atribuído a Mohammadi, cujo ativismo a atirou para a prisão pela 13.ª vez, "destaca a coragem e a determinação das mulheres do Irão e como estas inspiram o mundo", destacou a porta-voz do Gabinete das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Liz Throssell.
"Vimos esta bravura e determinação face à repressão, intimidação, violência e detenções", sublinhou, em conferência de imprensa, poucos minutos após o anúncio, elegendo a laureada como um símbolo das mulheres que "têm sido assediadas pela sua forma de vestir e que sofrem com medidas legais e económicas cada vez mais limitativas".
O Prémio Nobel da Paz foi, esta sexta-feira de manhã, atribuído em Oslo, Noruega - todas as outras categorias são anunciadas em Estocolmo, Suécia. O galardão recebeu este ano 351 candidaturas. A cerimónia de entrega realiza-se a 10 de dezembro (no dia da morte de Alfred Nobel) em Oslo.
Em 2022, o Nobel da Paz foi atribuído a Ales Bialiatski, da Bielorrússia, e às organizações de defesa dos direitos humanos Memorial, da Rússia, e Centro de Liberdades Civis, da Ucrânia.