Estudantes do Departamento de Arquitetura da Universidade de Coimbra (DARQ), a funcionar no Colégio das Artes, denunciam que o edifício está “degradado, com zonas encerradas por falta de segurança”. Apesar das condições, o edifício acolherá eventos da Queima das Fitas.
Corpo do artigo
Numa carta anónima enviada do JN, o grupo diz que “as condições não garantem o mínimo de dignidade ou proteção” e alegam que, “há 28 anos” que alunos e professores “alertam para as graves falhas de segurança” nas instalações, mas sem resposta.
“Durante todo este tempo, os sucessivos reitores e vice-reitores optaram pelo silêncio, pela inação e pelo desrespeito face às múltiplas queixas dos estudantes. Nada foi feito. Nada mudou”, lê-se.
Inês Gomes, vice-presidente do Núcleo de Estudantes de Arquitetura da Associação Académica de Coimbra (NuDA/AAC), confirma a situação no DARQ. Relata que há salas com “buracos nos tetos” e que, depois da tempestade Martinho, em março, houve “tetos que efetivamente caíram” e levaram ao “encerramento de algumas salas”.
Segundo Inês Gomes, “o problema base está na cobertura do edifício” e, havendo um temporal mais forte, “entra água”.“Depois cria-se desconforto de ter baldes nas salas de água a pingar”, diz, acrescentando que há “trabalhos que acabam por se estragar devido a essas condições”.
Sensação de insegurança
Ao JN, Adelino Gonçalves, professor associado do DARQ, conta que na sala onde trabalha “estão colocadas duas escoras metálicas, há muito tempo, porque, numa vistoria, verificou-se que a estrutura estava em colapso”. “Eu todos os dias que entro naquela sala sou brindado com esta sensação de insegurança”, admite.
As preocupações do professor com a situação - que foi agravada pela tempestade Martinho - já tinham sido manifestadas ao vice-reitor, Alfredo Dias, numa carta aberta, publicada na imprensa, em que lamentava o silêncio depois de um email enviado em março.
Ao JN, o docente aponta que, depois de uma vistoria, posterior à tempestade, descobriu-se que um terraço, “pelos vistos, também está em risco de colapso”.
Protesto contra eventos
Apesar da situação, o DARQ acolherá três eventos da Queima das Fitas – a Ceia, o Chá Dançante e o Baile de Gala - com autorização do vice-reitor. Com os estudantes, na denúncia, a sublinharem que os eventos “acolherão centenas de pessoas num espaço que, para os próprios estudantes e professores, não é seguro”.
Por causa dos eventos, dizem, vai ser cortada uma árvore e removida uma obra construída por alunos que é “impossível de ser remontada”. Mas o edifício será também encerrado, num período “crítico de entregas e avaliações”.
Para o grupo “estudar em casa não é uma alternativa viável” pelos recursos específicos do curso, com grandes maquetes ou materiais pesados. “Fechar o departamento nesta fase é um atropelo direto à nossa formação”.
Por estar contra a realização dos eventos, ontem, a comunidade estudantil juntou-se num protesto.
Universidade garante segurança
Esta quinta-feira, o reitor da UC, Amílcar Falcão, participou num encontro no DARQ e, segundo Inês Gomes, garantiu que “em junho” irão começar, por fases, as obras de requalificação do Colégio das Artes e que os estudantes teriam “o mínimo de condições para ter aulas em setembro.”
“A garantia foi de que o departamento não iria fechar completamente. À medida que as obras vão ser feitas, e que não estarão totalmente concluídas em setembro, iremos ter algumas aulas aqui, provavelmente, noutros espaços da Alta Universitária”, afirma a vice-presidente do NuDA/AAC, considerando que a reunião “foi positiva”.
Ao JN, fonte da UC, adiantou que a segurança dos alunos “não está em causa” e referiu que se encontram apenas interditados alguns espaços “como medida preventiva”.
No que toca às preocupações com os eventos da Queima das Fitas, a mesma fonte sublinhou que "s pareceres requeridos para o efeito não apontam qualquer risco de segurança na realização desses eventos, cuja realização no espaço do Colégio das Artes foi avalizada pelas Unidades Orgânicas que utilizam o edifício" e acrescentou que estão "garantidas condições para que as atividades académicas não sejam afetadas".