
Polícias exigem aumentos salariais
Pedro Granadeiro / Global Imagens
O Observatório de Segurança Interna (OSI) defende que, além da atualização dos suplementos, é fundamental que o Governo aumente os salários base, sobretudo nos escalões mais baixos, dos elementos das forças de segurança.
E, mesmo sublinhando que há diferenças entre a Polícia Judiciária e os restantes órgãos de polícia criminal, propõe que o grau de complexidade em qualquer função policial seja único.
Num comunicado tornado público nesta quinta-feira, o OSI “constata que os sucessivos governos procuraram aumentar artificialmente os rendimentos das forças de segurança, GNR e PSP, criando um número variado de suplementos, sem praticamente apostar no aumento do salário base das carreiras mais importantes destas forças, nomeadamente as de guardas/agentes, e sargentos/chefes”. Também permitiram, acrescenta, “os serviços remunerados (gratificados), até à exaustão dos seus profissionais”.
“Não obstante que a soma destes valores ainda não seja suficiente para conferir maior dignidade à folha de vencimentos destes profissionais, e sendo até discutível a justificação de alguns destes suplementos, não deixa de ser lamentável que não haja uma aposta séria no aumento dos valores das remunerações base, permitindo e conferindo atratividade às carreiras, e dando a estes profissionais outras condições futuras, até no momento da sua reforma”, crítica.
Neste contexto, o OSI deseja que as as negociações entre o Governo e as estruturas sindicais da GNR e da PSP, que se iniciam nesta quinta-feira, respondam aos anseios dos profissionais das forças de segurança, “procurando-se um aumento dos salários base e uma atualização dos valores dos suplementos” para que se atinja “uma inflexão da pirâmide hierárquica, proporcionando maior aumento percentual às carreiras base em detrimento das carreiras dos oficiais, de forma a diminuir as discrepâncias gritantes existentes”.
Risco é igual para todos
Na tomada de posição pública, o OSI considera “também inexplicável que ao desempenho de funções das carreiras base da GNR e PSP se atribua um grau de complexidade de nível 2, como se fosse possível, em abstrato, criar uma equação que albergasse o fator risco, o perigo da missão, a complexidade das situações a que estes elementos são expostos”.
Os responsáveis do Observatório recordam que os polícias lidam com “a resolução de uma simples ocorrência de trânsito até situações limite, como a violência doméstica e a criminalidade altamente organizada e violenta, e a consequente materialização das situações vividas em papel de forma a prosseguir os trâmites judiciais e judiciários, sem imaginar o impacto de situações traumáticas vividas quase diariamente, e a sua influência na saúde mental destes profissionais”.
“O grau de complexidade das funções policiais operacionais, em qualquer Força ou Serviço de Segurança, não é mensurável nem comparável: é único”, asseguram, embora afirme que “urge reconhecer, assumir e aceitar as diferenças entre as várias forças e serviços de segurança, desde o seio das mesmas até à sociedade civil, de forma que estes equívocos não agudizem os fossos que as separam, muitas vezes virtuais, à mercê de egos”. “A cooperação é o caminho. E é este caminho que manterá sempre Portugal como um país seguro”, finaliza.

