Centro europeu e OMS Europa atribuem aumento da mortalidade, face ao que seria expectável, à interrupção no acesso a diagnósticos e a tratamentos entre 2020 e 2022.
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Depois dos receios e alertas da comunidade científica, a confirmação de que a concentração de meios no combate à pandemia retardou o combate à tuberculose. No período 2020-2022 registaram-se sete mil óbitos em excesso por tuberculose no conjunto de países que integram a Organização Mundial de Saúde (OMS) Europa e monitorizados pelo Centro Europeu para a Prevenção e Controlo das Doenças (ECDC). “Uma situação desoladora e perfeitamente evitável”, nas palavras do diretor regional da OMS Europa, Hans Henri P. Kluge.
Os dados acabam de ser divulgados pelo ECDC na manhã desta quinta-feira, nas vésperas do Dia Mundial da Tuberculose, que se assinala no próximo domingo. Sem margem para dúvidas. Este acréscimo de mortalidade, face ao que seria esperado com base nas estimativas pré-2020, “é um resultado direto da pandemia e não teria ocorrido se os esforços no diagnóstico e tratamento da tuberculose não tivessem sido interrompidos durante a pandemia”, nota o ECDC.
No universo de 53 países que fazem parte da OMS Europa, 38 registaram um aumento do número de casos de tuberculose em 2022, num total superior a 170 mil casos, contra 166 mil em 2021. Sinal de que, lê-se no comunicado divulgado pelo ECDC, “em muitos países os serviços de tuberculose estão a recuperar das disrupções” provocadas pela covid-19, com mais pessoas a terem acesso a diagnóstico e a tratamento.
Eficácia dos tratamentos preocupa
Sinal de alarme são também os resultados da eficácia dos tratamentos, com as taxas mais “baixas numa década”, evidenciando tanto “possíveis problemas na adesão aos tratamentos”, que são longos, como “possíveis lacunas na monitorização dos resultados” dos mesmos. De acordo com os dados agora conhecidos, no espaço dos países que integram a União Europeia e o Espaço Económico Europeu, em média, apenas “seis em cada dez tratamentos com recurso a medicamentos de primeira linha tiveram sucesso na cura da infeção”, proporção que chega a 7/10 em toda a região europeia. Ora, notam aquelas organizações, “se devidamente planeado e executado, o tratamento da tuberculose deverá ser bem sucedido em aproximadamente nove de dez pacientes”.
Perante estes dados, a OMS Europa e o ECDC recomendam que se intensifiquem os esforços “para encontrar e tratar casos perdidos de tuberculose”. Reforçando, para o efeito, “os testes de tuberculose e disponibilizando opções de tratamento preventivo” a quem deles necessita.