
Ação de rua do movimento Porta a Porta – Casa para Todos
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O movimento Porta a Porta – Casa para Todos, que agendou para o próximo sábado manifestações em vários pontos do país, realizou esta terça-feira uma ação no centro de Braga em que defendeu que os “graves problemas” de falta de habitação “não podem ser escamoteados” e devem ser devidamente denunciados pela população.
“Braga não é exceção a esta realidade. Temos pessoas que estavam a começar uma vida em família e foram obrigadas a voltar para casa dos pais, outros que se veem obrigados a partilhar casa com muita gente ou a viver em garagens, em lojas e na rua. Os próprios centros de acolhimento estão cheios”, alertou o porta-voz distrital do movimento.
Cândido Almeida sublinhou que “muitas famílias tiveram de deixar” as suas casas, “ora porque não conseguiam pagar a prestação” do crédito bancário, “ora porque o aluguer ficou insuportável”.
“Algumas pessoas têm retaguarda, mas outras não. A denominação de sem-abrigo abrange muito mais do que aquele que dorme debaixo da ponte, quem dorme numa garagem ou numa loja também o é. Há muitos portugueses a viver em condições precárias”, frisou.
A ação de rua realizada esta terça-feira, junto ao Banco de Portugal e à Arcada, bem no centro da cidade de Braga, pretendeu sobretudo “sensibilizar as pessoas para o problema da habitação” e “divulgar a grande ação” marcada para à tarde de sábado, apelando à mobilização coletiva.
“Juntamente com outros movimentos, vamos realizar uma manifestação na Avenida Central no sábado, a partir das 15.30 horas, para repetir as nossas ideias e reivindicações, porque ainda nada mudou. As pessoas têm aderido cada vez mais e só assim é que alguma coisa poderá resultar”, disse Cândido Almeida.
Habitação não pode esperar
Segundo o manifesto do movimento, que foi distribuído à população, “os preços das casas continuam a subir, os contratos de arrendamento têm uma duração cada vez mais curta, os inquilinos estão completamente desprotegidos e multiplicam-se os despejos”.
“Enquanto escolhemos entre pagar a prestação da casa ou comer, os bancos acumulam lucros históricos e o BCE teima em não descer imediatamente os juros”, acrescenta o texto, onde se lê que “as casas são para viver, não são para especular”.
“O Governo demitiu-se e há eleições a 10 de março, mas o direito à habitação, a ter uma casa onde se possa viver dignamente e a preços à medida dos nossos rendimentos não pode ficar à espera”, refere o documento.
Entre as “soluções” propostas, o movimento Porta a Porta defende a diminuição da taxas de juro, “pondo os lucros da banca a pagar o aumento”, a descida e regulação do preço das rendas e o fim dos despejos, desocupações e demolições “sem alternativa de habitação digna”. Pede ainda que o parque de habitação seja reforçado.
“Ter uma casa para viver a preços que se possam pagar é exigir muito? Não é. E é isso que exigimos”, frisa o movimento. A manifestação em defesa do direito à habitação, marcada para sábado, decorrerá em 19 cidades do país.

