Montenegro antecipa meta de 2% do PIB e Associação de Sargentos critica “palavras bonitas mas vazias”. Apoio à Ucrânia reforçado em 95 milhões.
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O Governo prevê seis mil milhões de euros em 2029 para a Defesa, antecipando num ano a meta de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) acordada com a NATO. Este novo compromisso com vista a reforçar a despesa anual do Orçamento do Estado foi formalizado e anunciado por Luís Montenegro, levando a Associação Nacional de Sargentos a criticar, ao JN, as “palavras bonitas mas vazias de sentido”.
António Costa tinha definido 2030 como prazo para atingir os 2% do PIB.
A intenção de antecipar esta meta num ano já tinha sido assumida por Luís Montenegro no debate preparatório do Conselho Europeu de junho.
Mais 400 milhões/ano
Agora, revelou ter formalizado este compromisso numa carta ao secretário-geral da NATO. Na missiva, promete “atingir os 2% da nossa despesa orçamental com a área da Defesa um ano antes daquilo que estava previsto, em 2029, fruto de um esforço” que o Governo vai “incrementar nesta área”, referiu em Washington, à chegada para a cimeira da Aliança Atlântica.
Disse ainda prever que a despesa na Defesa, “que ronda 4186 milhões de euros, possa atingir cerca de seis mil milhões em 2029”. Um “esforço acrescido de cerca de 400 milhões de euros por ano”.
Da carta a Jens Stoltenberg diz constar um “plano credível” que expressa “as componentes que incorporam esse esforço, desde logo a componente humana de recrutamento e retenção de pessoal nas Forças Armadas e também o apoio a ex-combatentes”. Bem como a aquisição de equipamento, “desde viaturas de combate, infantaria, drones, à capacidade aérea” e a participação em missões internacionais.
“Vender promessas”
Instado pelo JN sobre o anúncio para 2029, o presidente da Associação Nacional de Sargentos, António Lima Coelho, disse que “não clarifica nem quantifica objetivamente para que setores vão esses investimentos”. E “vender promessas é fácil”.
“Falar destes números e dizer que se quer investir mais na Defesa no geral é deixar tudo no ar. E cria a ideia errada junto dos cidadãos de que parece que agora se vai resolver os problemas com os homens e mulheres que servem as Forças Armadas”, reagiu.
O JN tentou obter reações das bancadas. O PCP respondeu que o investimento nacional “deve visar a dotação das Forças Armadas com as capacidades necessárias para o cumprimento das missões constitucionais de defesa da República”. O anúncio de Montenegro representa “a submissão dos interesses nacionais aos propósitos belicistas da NATO, desviando vultuosos recursos que deveriam ser utilizados para resolver problemas sociais prementes”.
Em Washington, Montenegro anunciou ainda o reforço do apoio à Ucrânia, no âmbito do acordo assinado em maio. “Dentro dessa componente de apoio, vamos acrescentar ainda este ano 95 milhões de euros aos 126 que estavam previstos nesse texto”, revelou. Totalizará, este ano, um apoio de 221 milhões de euros