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Embora os ambientalistas o saibam, assim como técnicos e decisores políticos, vale a pena relembrar a opinião pública: a LIPOR - a associação de oito municípios que gere, valoriza e trata os resíduos urbanos produzidos em Espinho, Gondomar, Maia, Matosinhos, Porto, Póvoa de Varzim, Valongo e Vila do Conde - tem desempenhos ambientais excecionais, ombreando com os melhores “standards” dos países europeus.
Este facto foi evocado esta semana ao secretário de Estado do Ambiente durante a inauguração da nova linha automática de triagem de embalagens que coloca, uma vez mais, a LIPOR na vanguarda ibérica da reciclagem. Recordou-se ao secretário de Estado que, enquanto a LIPOR valoriza mais de 99% dos resíduos domésticos de um milhão de pessoas (10% da população nacional), o restante país coloca em aterro quase 60% dos resíduos domésticos. Algo inadmissível em 2023!
Ora, o que é que a LIPOR pode fazer para ajudar o país a chegar ao seu nível? Como é que a LIPOR pode contribuir para que a Região Norte se aproxime dos seus padrões ambientais?
A resposta é simples: a LIPOR consegue em dois anos instalar uma terceira linha de valorização energética de resíduos domésticos na sua Central da Maia, oferecendo uma possibilidade real a todos os municípios e autarcas da Região Norte de pararem de enviar os seus resíduos para aterro e de passarem a produzir energia verde!
É apenas necessário que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) deixe de ser um obstáculo e o Governo dê luz verde para o aumento da capacidade da Central de Valorização Energética da LIPOR. Em paralelo, devem ajudar a aceder a fundos europeus para mecanismos de captura de carbono de última geração, o que transformará o impacto ambiental do funcionamento da Central de Valorização Energética da LIPOR em zero! Isto mesmo: zero!
Com impacto zero, a LIPOR poderá oferecer a todos os municípios da Região Norte a possibilidade de selarem os aterros que ainda estão ativos - e que são uma vergonha. Hoje passivos ambientais, estes espaços podem ser transformados em ativos equivalentes ao Parque Aventura e ao Parque Fotovoltaico entre Ermesinde e Baguim do Monte.
O passo em frente agora dado pela LIPOR só depende da vontade política. Esperemos que o ministro do Ambiente faça justiça ao arrojo e à visão que lhe reconhecemos.
*Presidente do Conselho de Administração da LIPOR e da Câmara Municipal de Valongo