Gandra d'Almeida autorizou pagamentos extra em benefício próprio quando liderava o SNS
Enquanto era diretor-executivo do Serviço Nacional de Saúde (SNS), Gandra d'Almeida autorizou o pagamento de um valor por hora superior ao estipulado para serviços médicos, que o próprio prestou na urgência da Unidade Local de Saúde (ULS) da Guarda, avança este sábado a CNN.
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Em causa está um contrato assinado entre a referida ULS e a empresa do médico, referente a serviços prestados entre 1 de março e 3 de julho de 2023, num total de 29 mil euros. Em vez de receber 40 euros por hora, recebeu 55, num caso previsto na lei mas que exige aprovação da direção-executiva do SNS.
A situação foi descoberta durante a investigação da IGAS (Inspeção-Geral das Atividades em Saúde) sobre a alegada acumulação irregular de funções de Gandra d'Almeida quando era dirigente do INEM Norte. O profissional de saúde ocupou esse cargo entre 2021 e 2024, antes de assumir a liderança do SNS.
De acordo com a CNN, o relatório da IGAS dá conta de que Gandra d’Almeida fez milhares de horas nos serviços de urgência de hospitais e em viaturas de emergência médica, recebendo centenas de milhares de euros em acumulação de funções.
"Quando assinei, não tive perceção que me abrangia"
Em declarações ao mesmo órgão de comunicação, o médico assegurou que não sabia estar a atuar em benefício próprio. "A autorização de majoração não identificava os intervenientes, e foi realizada no segundo semestre de 2024. Tratava-se de uma autorização genérica, como várias outras dezenas de autorizações idênticas e, como tal, quando assinei, não tive conhecimento ou perceção que me abrangia", defendeu.
Além disso, garantiu que quando se percebeu informou "de imediato" o atual diretor-executivo, "que anulou a autorização prévia".