A Síria anunciou esta quarta-feira um novo cessar-fogo em Sweida, onde foram relatados novos episódios de violência no dia seguinte ao envio de forças governamentais e grupos aliados para a cidade de maioria drusa.
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Uma fonte do Ministério do Interior, citada pela agência oficial de notícias síria Sana, anunciou ter sido “concluído um acordo para um cessar-fogo em Sweida e a mobilização de barreiras de segurança na cidade”, no sul da Síria.
Um primeiro cessar-fogo proclamado na terça-feira não foi respeitado.
A violência causou mais de 300 mortes desde domingo, indicou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), uma organização não-governamental (ONG) com sede em Londres e uma vasta rede de contactos em toda a Síria.
Mais de 300 pessoas foram mortas desde domingo nos confrontos violentos em Sweida, indicou a ONG. Um balanço anterior indicava 248 mortos.
Segundo o OSDH, 69 combatentes drusos e 40 civis drusos foram mortos, “27 deles executados sumariamente” por membros das forças governamentais.
Além disso, 165 membros das forças governamentais e 18 combatentes beduínos, bem como 10 membros das forças de segurança do governo, foram mortos em ataques israelitas, acrescentou.
Tropas em Gaza vão para a fronteira com a Síria
Entretanto, em Jerusalém, um responsável militar israelita declarou que parte das tropas estacionadas na Faixa de Gaza vai ser reafetada para a fronteira com a Síria, onde Israel realizou ataques, que afirmou serem em defesa da minoria drusa.
“Uma das divisões [...] atualmente a operar em Gaza [...] está a preparar-se para ser destacada para a nossa fronteira norte com a Síria", disse o responsável militar a jornalistas durante uma conferência de imprensa.
Mais de metade do milhão de drusos em todo o mundo vive na Síria. Os restantes vivem sobretudo no Líbano e em Israel, incluindo nos montes Golã, que Telavive conquistou da Síria na Guerra de 1967 e anexou em 1981.
Em Israel, os drusos são vistos como uma minoria leal e muitas vezes servem nas forças armadas.
A tensão aumentou depois dos confrontos inter-religiosos em abril, entre combatentes drusos e forças de segurança nas zonas drusas, perto de Damasco e em Sweida, que fizeram mais de 100 mortos.
Membros de tribos beduínas sunitas de Sweida participaram nos confrontos juntamente com as forças de segurança.
Com cerca de 700 mil habitantes, a província de Sweida alberga a maior comunidade drusa do país, uma minoria esotérica do Islão xiita.
As tensões entre drusos e beduínos são antigas e a violência irrompe esporadicamente entre os dois lados.
Esta nova violência intercomunitária é um dos desafios de segurança do Governo interino de Ahmad al-Sharaa, que derrubou o ex-presidente Bashar al-Assad em dezembro, num país devastado por quase 14 anos de guerra civil.