Nininho Vaz Maia abraçado por milhares de fãs na última noite da Queima das Fitas
O cantor e compositor Nininho Vaz Maia, que une o Flamenco, o pop e a tradição cigana, atuou no sábado, na última noite da Queima das Fitas, no Porto. Foi recebido em euforia por milhares de todas as idades, e não só estudantes.
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A fechar mais uma edição da Queima das Fitas do Porto, o momento mais aguardado da noite: Nininho Vaz Maia subiu ao palco para a sua primeira atuação desde que foi constituído arguido numa investigação da Polícia Judiciária por suspeitas de tráfico de droga. Recebido em apoteose por milhares de fãs de todas as idades, o cantor demonstrou que continua a contar com o apoio incondicional do público.
Num discurso carregado de emoção, o artista fez questão de deixar claro que a sua carreira não será travada pelas polémicas. “Eu não vou parar. A minha música não vai parar. A minha voz não vai parar”, afirmou com firmeza. E acrescentou: “Eu vou viver sempre e cantar sempre à minha maneira. E vocês, vivam à vossa maneira. Sem medo algum!”. As palavras ecoaram pelo recinto e foram recebidas com uma onda de aplausos e gritos de apoio.
"Sou do vosso sangue"
Em pleno Queimódromo, e no meio da controvérsia, Nininho aproveitou também para agradecer aos seus seguidores mais fiéis. “Sinto que sou um de vós. Sinto que sou do vosso sangue”, declarou, antes de se despedir emocionado da Invicta.
Com 37 anos, o artista — cujo nome de batismo é Avelino, tal como o do pai — entregou-se de corpo e alma a um espetáculo vibrante no Parque da Cidade, perante cerca de 25 mil pessoas. Entre os presentes, destacou-se Raquel Jacob, ex-“moranguita” e mulher do guarda-redes José Sá, que regressou à Queima 15 anos depois. Nas redes sociais, partilhou um vídeo do concerto e deixou rasgados elogios ao intérprete de “Quiero Bailar”: “A única pessoa capaz de arrancar a velhota que vive em mim para ir à Queima”.
Os ponteiros marcavam 23.30 horas quando Nininho abriu o concerto com o tema “Bebé”, arrancando gritos de entusiasmo antes mesmo da primeira nota. O ambiente era elétrico, com os fãs a encherem o recinto horas antes do início do espetáculo.
Ao longo do concerto, temas como “E Agora?”, “Hoje Estou Chateado” e o incontornável “Ai Eu Gosto de Ti” fizeram vibrar a multidão, que acompanhava cada verso de cor. Entre telemóveis no ar e palmas sincronizadas, Nininho mostrou, mais uma vez, por que razão é um dos nomes mais populares da música portuguesa atual.
Momentos de emoção
Um dos momentos mais intensos da noite chegou com “Foste Embora”, entoado num impressionante coro coletivo. Como já é habitual nos seus espetáculos, o cantor convidou três fãs a subir ao palco para partilhar o momento — um gesto que reforça a proximidade que mantém com quem o segue.
Embora tenha evitado qualquer menção direta à investigação em curso, a mensagem de resistência foi clara. Ao encerrar a noite com “Calón”, Nininho deixou o palco sob uma chuva de aplausos, sorrisos e emoção.
Após mais de uma hora de concerto, o artista despediu-se com uma mensagem de gratidão. “Obrigado por me deixarem ser quem sou. Esta noite vai ficar no meu coração. Até já, Porto!”, disse, antes de abandonar o palco visivelmente emocionado.
Na mira das autoridades
O cantor foi alvo de buscas na terça-feira, por suspeitas de integrar um grupo que, nos últimos anos, usou os aeroportos do Porto e de Lisboa para importar centenas de quilos de cocaína do Brasil e vendê-las em Portugal e Espanha. A droga chegava escondida em malas de viagem que eram retiradas do porão dos aviões por funcionários de handling subornados pela rede.
No último dia da Queima das Fitas, além de Nininho Vaz Maia, atuaram também Hybrid Theory, uma banda de Lagos, e Dealema, um dos grupos pioneiros do hip-hop português.