Sobe para 11 o número de vítimas mortais alegadamente associadas às falhas no socorro prestado pelo INEM. Um homem de Perafita, em Matosinhos, morreu após uma paragem cardiorrespiratória, na segunda-feira, depois de os familiares terem estado meia hora a tentar contactar o 112.
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A vítima mortal, com cerca de 90 anos, ter-se-á sentido mal à hora do almoço de segunda-feira e, uma vez que não conseguiu contactar o Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), acabou por pedir ajuda aos Bombeiros Voluntários de Matosinhos-Leça.
Ao JN, o comandante confirmou que a corporação recebeu o alerta às 12.49 horas e, quando os bombeiros chegaram a Perafita, a vítima já se encontrava em paragem cardiorrespiratória. Iniciaram-se as manobras de suporte básico de vida, mas o idoso acabou por morrer. "Segundo o que os familiares disseram aos bombeiros, terá havido a dificuldade de ligar para o INEM. Contactaram a central de emergência antes de contactaram os bombeiros e terão estado, alegadamente, meia hora sem resposta", afirmou António Amaral. O comandante sublinhou, no entanto, que não é evidente que esta situação tivesse um desfecho diferente caso o atraso não tivesse ocorrido.
A morte aconteceu na segunda-feira, dia em que o INEM terá deixado mais de mil chamadas por atender e que coincidiu com a paralisação da Função Pública e com a greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar às horas extraordinárias, entretanto suspensa. Os constrangimentos refletiram-se no socorro às vítimas e doentes urgentes, com tempos de espera descritos como "inaceitáveis" pelo presidente do INEM, que “chegaram a ser de uma hora”.
O caso mortal de Matosinhos é o décimo primeiro associado aos atrasos no INEM, depois de a notícia, avançada no sábado, da morte de um homem de 84 anos em Freixo de Espada à Cinta. Os familiares do idoso terão estado entre 40 a 50 minutos a tentar contactar o 122, depois de o homem se ter engasgado num almoço.
O homem terá sido transportado pela família para a urgência do Centro de Saúde de Mogadouro, tendo encontrado, durante a viagem, uma ambulância dos bombeiros, que assegurou, a partir daí, o transporte para a unidade.
Segundo o instituto, o tempo médio de espera no atendimento dos Centros de Orientação de Doentes Urgentes (CODU) neste domingo é de 20 segundos.