Na noite mais luminosa do cinema, estendemos a passadeira vermelha à política. Estes são os prémios à condição, até se perceber o filme da emigração.
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Melhor Filme
Aliança Democrática
Não foi um daqueles filmes capazes de nos deixar de peito apertado ou de lágrima escorrida. Mas o argumento da vitória foi seguido à risca até ao pôr do sol (esperemos pelos emigrantes...). Como em qualquer drama político, deve haver uma sequela.
Melhor Realizador
Luís Montenegro
Mesmo sem um resultado retumbante, conquistou (até ver) mais mandatos do que o PS. E dessa forma ganhou a simpatia do público. Inverteu um filme socialista de oito anos, mas fica refém de um arranjo que não tornará a sua vida numa história de amor.
Ator Revelação
Rui Tavares
Poucos imaginariam que a noite eleitoral do Livre terminaria com tantos deputados como a CDU. É, por isso, uma das revelações políticas do sufrágio. Livrou-se do estereótipo do partido de nicho de intelectuais e ambientalistas de Esquerda e ganhou um grupo parlamentar.
Melhor Ator
André Ventura
O que se previa aconteceu, mas com uma força avassaladora. Convenceu eleitorado de esquerda e de direita e, mesmo que a AD não queira acordos, vai tornar-se num pêndulo decisivo na gestão do futuro político do país. Brilhou no plateau eleitoral.
Melhor ator secundário
Pedro Nuno Santos
Após a maioria absoluta de Costa, coube-lhe o papel do portador dos novos tempos. Mas o galã Pedro Nuno não conseguiu cravar as garras em todos os corações. O PS mordeu os calcanhares à AD, mas a noite socialista, face a 2022, foi um cinzento melodrama.
Melhor Atriz secundária
Mariana Mortágua
A perceção de que fez uma campanha em crescendo, em grande medida alicerçada na sua personalidade mediática, não se traduziu em ganho de deputados. Mas, num contexto de fragmentação à Esquerda, teve mais votos e segurou os cinco mandatos.
Ator Revelação Assim-Assim
Rui Rocha
Mais 40 mil votos do que em 2022, mas os mesmos oito deputados. As acusações de falta da carisma do líder não se materializaram, mas os liberais não conseguiram capitalizar no terreno da canibalização da Direita. Não foram decisivos para entregar a maioria à AD.
Melhor Argumento Adaptado
Inês Sousa Real
Todos queriam crescer, e o PAN não era exceção, mas à medida que a noite se foi precipitando percebeu-se que igualar o resultado de 2022 seria uma missão honrosa. Conseguiu-o à 25.ª hora, mantendo o partido dentro do sistema parlamentar.
Pior Argumento Adaptado
Paulo Raimundo
Apesar da mobilização que o secretário-geral comunista foi reportando ao longo da campanha, o argumento readaptado não surtiu efeito, contribuindo para pulverizar a influência do partido, que passa de seis para quatro deputados. Nem o Alentejo lhes valeu.
Melhor curta de animação
Bruno Fialho (ADN)
O outrora Partido Democrático Republicano, que mudou o nome para evitar ser confundido com o PNR, aumentou em dez vezes a votação, beneficiando, certamente, da confusão do eleitorado com a sigla AD. Tente, por isso, não rir (não confundir com o partido de Tino de Rans).