Dos amuos públicos sobre o que se passou no Conselho de Estado à picardia entre PS e PSD quanto às promessas fiscais, as notícias sobre a trica e guerrilha política não têm faltado no espaço mediático. As aprovações de diplomas sem consenso, de que são exemplo claro os relativos às carreiras dos professores e dos médicos, são mais um sinal de um Governo com dificuldade em obter consensos e que faz valer a força que lhe é dada pela maioria absoluta.
O confronto é próprio da democracia e nada haveria a dizer se não fosse a perceção de que as guerras políticas escondem a incapacidade de resolver problemas reais do país. O Orçamento do Estado, que será apresentado em ambiente de estrangulamento das famílias e com a economia a não dar as boas notícias do primeiro trimestre, será um momento clarificador para se perceber que ideias e estratégia tem António Costa para o país.
O que temos visto nos últimos meses é uma tentativa de reanimar a imagem do Governo com brindes mal desenhados, como o pacote para os jovens, ou pensos rápidos para situações emergentes, como a proposta sobre os juros dos créditos que adia parte da fatura para mais tarde. O tema de fundo é, contudo, estrutural e estruturante: o modelo de desenvolvimento e de crescimento económico do país. Sem uma economia forte e menos exposta à dependência do turismo, continuaremos a correr atrás do prejuízo e a ter incapacidade de investir a sério na resposta aos grandes problemas, nomeadamente em funções essenciais do Estado.
O Turismo da Finlândia tem feito excelente marketing com o relatório da OCDE que considerou o país, pelo sexto ano consecutivo, o mais feliz do Mundo. Depois de promover visitas turísticas gratuitas, oferece agora um masterclass online para partilhar a fórmula. O segredo, contudo, não está em manuais de autoajuda, nem no acesso gratuito a pousadas da juventude. O estudo da OCDE tem como síntese um gráfico com dois eixos principais: felicidade e desigualdade de rendimentos. O segundo influencia decisivamente o primeiro. Por mais voltas que demos, vamos sempre bater na mesma tecla.

