Filósofo e pró-Palestina: quem é o atirador que matou casal de funcionários da embaixada israelita
Elías Rodríguez, de 31 anos, foi detido pelo homicídio do casal de funcionários da embaixada de Israel em Washington na passada quarta-feira. O atirador é um filósofo norte-americano que já esteve ligado a movimentos de extrema-esquerda e participou em iniciativas de defesa aos palestinianos.
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Na noite da passada quarta-feira, Yaron Lischinsky e Sarah Milgram, funcionários da embaixada de Israel em Washington, foram baleados junto à saída de um evento sobre resolução das crises humanitárias no Médio Oriente no Museu Judaico. O autor dos disparos, Elías Rodríguez, foi detido de imediato, gritando “Palestina Livre”.
As autoridades locais realizaram buscas ao apartamento do atirador em Albany Park, um bairro em Chicago, e encontraram cartazes sobre a Palestina a cobrir as janelas da habitação, um deles relativo à morte de uma criança palestino-americana em Illinois em 2023.
De 31 anos, Elías Rodríguez licenciou-se em filosofia inglesa na Universidade de Illinois, em Chicago, em 2018, e trabalhava, desde 2024, na American Osteopathic Information Association (AOIA), criada em 1999 para beneficiar o público e a profissão médica osteopática, mantendo e operando um sistema de recolha, organização e divulgação de informação para promover atividades educativas, de investigação, científicas e profissionais na medicina osteopática e para auxiliar outras organizações osteopáticas sem fins lucrativos.
Em comunicado, a AOIA e a Associação Osteopática Americana (AOA) expressaram "profunda tristeza" em resposta ao ataque contra os funcionários diplomáticos. "Ficámos chocados e tristes ao saber que um funcionário da AOIA foi detido como suspeito deste crime horrível. Tanto a AOIA como a AOA estão prontas para cooperar com a investigação da forma que pudermos. Como organização médica dedicada a proteger a saúde e a santidade da vida humana, acreditamos nos direitos de todas as pessoas a viver em segurança, sem medo de violência", lê-se no site da organização.
O atirador foi ainda investigador de História Oral na HistoryMakers, uma instituição dedicada à preservação do registo histórico afroamericano, e produziu conteúdos para várias empresas de tecnologia.
Em 2017, participou num protesto para homenagear o aniversário da morte de Laquan McDonald, um estudante morto por um polícia em Chicago. No ano seguinte, passou a integrar um grupo contra o racismo e a guerra, a Answer Coalition, que organizava manifestações de solidariedade com os palestinianos.
Além destas iniciativas, o atacante chegou a angariar fundos no GoFundMe para participar num Congresso Popular de Resistência, cujo objetivo era pôr fim à guerra imperialista.
Publicações antigas nas redes sociais denunciam a ligação de Elías Rodríguez ao Partido pelo Socialismo e Libertação (PSL), um grupo marxista-leninista dos EUA. Porém, o partido negou qualquer ligação com o suspeito.
"Rejeitamos qualquer tentativa de ligar o PSL ao tiroteio em Washington. Elías Rodríguez não é militante do PSL. Teve um breve relacionamento com uma filial do PSL que terminou em 2017. Não temos conhecimento de qualquer contacto com ele há mais de sete anos. Não temos nada a ver com este tiroteio e não o apoiamos", publicou o partido no X.
O pai de Elías Rodríguez é um Guarda Nacional do Exército, enviado para o Iraque quando o filho tinha 11 anos.