É a primeira segunda-feira de maio, o que significa que as celebridades estão a chegar à passadeira vermelha para a Met Gala, o extravagante baile de beneficência de Manhattan que, este ano, destaca o tema "Superfine: Tailoring Black Style", centrado na história da moda da diáspora negra.
Corpo do artigo
O evento anual que se realiza com o propósito de angariar fundos para o Costume Institute do Metropolitan Museum of Art marca a abertura da exposição anual do museu. Mas, para os "fashionistas", a Met Gala é um dos tapetes vermelhos mais importantes do mundo.
O ator nomeado para os Óscares Colman Domingo e o piloto de Fórmula 1 Lewis Hamilton, dois dos co-presidentes do evento de moda, estavam entre os primeiros a chegar, juntamente com a responsável pela gala, Anna Wintour, editora-chefe da Vogue.
Domingo prestou homenagem ao falecido Andre Leon Talley, o primeiro diretor criativo negro da Vogue e uma das figuras mais importantes da moda, com uma capa Valentino azul real com um colarinho branco brilhante sobre um elegante casaco preto e dourado e calças de tweed cinzentas.
Hamilton, por sua vez, brilhou com um fato creme elegante e um boné a condizer, com diamantes a brilhar nas orelhas, na lapela, nos punhos e nas mãos.
O músico e designer Pharrell Williams, outro copresidente, mostrou-se elegante com um casaco branco curto incrustado de pérolas e calças de smoking pretas largas.
Entre as mulheres presentes, a atriz Teyana Taylor compreendeu definitivamente a missão, chegando num fato preto feito à medida com riscas vermelhas e um enorme casaco vermelho a condizer, com as costas totalmente plissadas e a inscrição “Harlem Rose” gravada no tecido.
A noite surge cinco anos após a enorme revolta antirracista do movimento Black Lives Matter, que levou várias instituições culturais dos Estados Unidos a refletirem sobre a sua representação da raça e da diversidade.
Este tema do Met está a ser preparado há anos, mas agora coincide com os recentes esforços de Donald Trump para anular as iniciativas institucionais de promoção da diversidade - um esforço para manter a cultura e a história definidas nos termos do presidente republicano.
A Met Gala e a sua exposição, “Superfine: Tailoring Black Style”, prometem um forte contraste com essa idea, um mergulho profundo no estilo negro desde o século XVIII até aos nossos dias.
“Obviamente, esta exposição foi planeada há muitos anos e não sabíamos o que iria acontecer na arena política, mas adquiriu um novo sentido de importância e propósito”, disse Wintour à AFP.
"Um sonho"
O livro de Monica Miller, curadora convidada e professora da Barnard, “Slaves to Fashion: Black Dandyism and the Styling of Black Diasporic Identity”, foi a inspiração da Met Gala.
O seu livro explica em pormenor como o dandismo foi um estilo imposto aos homens negros na Europa do século XVIII, quando os criados “dandificados” e bem vestidos se tornaram uma tendência.
No entanto, ao longo da história, os homens negros subverteram o conceito como forma de cultivar o poder, transformando a estética e a elegância num meio de estabelecimento de identidade e de mobilidade social.
Durante o vibrante Renascimento do Harlem das décadas de 1920 e 1930, os homens usavam fatos elegantes e sapatos polidos como uma demonstração de resistência na América racialmente segregada.
“Superfine” é uma rara exposição do Costume Institute que dá destaque aos homens e à moda masculina, e a primeira a centrar-se em designers e artistas negros.
Na cerimónia de divulgação do tema, Pharrell Williams - diretor criativo de moda masculina da Louis Vuitton - considerou a exposição “um sonho”.
“Como artista que nasceu e cresceu literalmente à sombra do local onde a diáspora africana se expandiu para o país que viria a ser a América, celebrar uma exposição centrada no dandismo negro e na diáspora africana é realmente, para mim, um momento de círculo completo”, disse Williams, que é da Virgínia.
A Met Gala foi organizada pela primeira vez em 1948 e durante décadas foi reservada à alta sociedade nova-iorquina - até que Wintour transformou a festa numa passarela de alto nível para os ricos e famosos na década de 1990.
Continua a ser uma angariação de fundos para o Costume Institute, mas é também uma extravagância nas redes sociais, onde as estrelas e os patrocinadores se misturam numa festa que celebra a moda na sua forma mais exagerada.
De acordo com o "The New York Times", um lugar no jantar em 2024 custava 75 mil dólares e uma mesa completa custava 350 mil dólares.
O famoso museu de Manhattan informou que a edição do ano passado rendeu cerca de 26 milhões de dólares.
A lenda do basquetebol LeBron James foi nomeado presidente honorário, mas retirou-se na segunda-feira da participação no evento, confirmando as informações de que sofreu uma lesão no joelho na semana passada e dizendo no X: “Odeio perder um evento histórico!”