Milhares de pessoas dirigiram-se aos poucos supermercados que se encontravam abertos na cidade do Porto, ao final da manhã, para comprar bens alimentares e água, esvaziando as prateleiras da fruta, dos enlatados, das bolachas e de produtos de consumo instantâneo.
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Mas há também quem leve dezenas de embalagens de rolos de papel higiénico, um fenómeno que faz lembrar os primeiros dias do confinamento na pandemia covid-19.
No LIDL junto à rotunda da Areosa, no Porto, centenas de pessoas engrossam as filas das caixas, esperando ordeiramente pela oportunidade de registar os produtos e efetuar o pagamento. Uma funcionária do supermercado sai do armazém com umas paletes de garrafões de água e quase não tempo de encostar as embalagens. Em menos de cinco minutos, desapareceram centenas de garrafões de água Monchique e as restantes marcas também já esgotaram. Lá fora, o parque de estacionamento está lotado, não há carrinhos de compras disponíveis e os seguranças procuram dar as informações possíveis. "São 72 horas sem luz?", pergunta uma cliente à entrada, sem tempo para ouvir a resposta. "Parece que sim", responde o funcionário sem certezas. Os restaurantes estão fechados, as motos das entregas estacionadas sem serviço.
À medida que as horas passam, o trânsito complica-se, os semáforos estão desligados e atravessar cruzamentos tornou-se uma aventura. Entre a Rua de Santa Catarina e o Praça do Marquês, estão centenas de jovens nas ruas à saída das escolas, há dezenas de carros parados em segunda fila a aguardar as saídas.
Na estação de metro da Trindade, o serviço foi encerrado pouco depois das 11.30 horas.
As portas de vidro estão fechadas e centenas de pessoas estão no exterior a questionar-se sobre o problema e as suas causas. "Ciberataque", "corte de cabos submarinos" e outras teorias da conspiração ganham fôlego à medida que aumentam os níveis de ansiedade. Maria José Rocha está sentada na paragem do autocarro, à procura de uma alternativa para regressar a casa. Estava em plena sessão de fisioterapia quando foi tudo abaixo. "Descemos as escadas com ajuda das auxiliares e viemos todos embora", refere. Ali perto, de braço ao peito, Dores Novo conta que estava na Casa de Saúde da Boavista à espera de fazer um TAC quando a energia falhou. "Quando perceberam que não voltava, mandaram toda a gente embora", diz, preocupada com o adiamento do exame imprescindível para a próxima consulta.
Todos os hospitais do país estão a funcionar com recurso a geradores, mantendo-se em atividade os serviços críticos, como as urgências, cuidados intensivos, enfermarias e blocos cirúgicos, mas várias unidades estão a adiar atividade não urgente, como consultas e exames.