Mais de 40% dos jogadores online dizem usar sites ilegais, embora a maioria conheça a necessidade de uma licença, concluiu o estudo anual da Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Oline (APAJO), divulgado esta quinta-feira. Já sete em cada dez gastam até 50 euros por mês em operadores de jogos online.
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Segundo o relatório "Hábitos de Jogo Online dos Portugueses 2024!, 41% de um universo de mil jogadores inquiridos, ou seja, quatro em cada dez utilizam sites de jogo ilegais, apesar de a grande maioria (90%) confessar saber que é necessária uma licença para operar em Portugal. Atualmente, há quatro operadores ilegais entre as 15 maiores plataformas de jogo online do país, aponta o estudo anual da APAJO.
"Neste momento, os operadores ilegais são maioritariamente projetos obscuros que ostensivamente tentam explorar a facilidade com que conseguem chegar a audiências portuguesas ao mesmo tempo que evitam todas as regras de proteção do consumidor e o pagamento de impostos", alerta Ricardo Domingues, citado numa nota enviada às redações.
O presidente da APAJO nota que os jogadores estão expostos a "todo o tipo de riscos", desde ao acesso aos seus saldos aos dados pessoais e financeiros.
Maioria não sabe que os operadores são ilegais
Mas saber que é necessária uma licença não significa que os jogadores consigam identificar se os sites são legais. Entre os que jogam em plataformas ilegais, apenas 37,7% afirmam que o fazem. Já os restantes 62,3% declaram ou não jogar em operadores ilegais ou não saber se o fazem.
O estudo mostra que quem escolhe usar plataformas não licenciadas é atraido pelos bónus mais elevados, as "odds" (valores que podem receber ao apostar em determinado resultado, relacionados com probabilidades) e uma maior oferta de apostas desportivas, possibilidade de combinar apostas dentro do mesmo jogo, desportos virtuais, casino ao vivo e apostas em "eSports".
Por outro lado, os jogadores reconhecem que as plataformas licenciadas têm segurança (61,3%), melhor apoio ao cliente (37,3%) e maior rapidez de levantamento de prémios (32,6%).
A percentagem de jogadores que utiliza exclusivamente operadores licenciados não ultrapassa os 60%, ficando abaixo ao valor de 2022. A análise detalha que nas faixas etárias dos 18 aos 24 anos e dos 25 aos 34 anos a utilização é de apenas 52,1%.
"Os operadores licenciados, o legislador e o regulador têm que apontar a uma maior preponderância do jogo online exclusivamente legal, diria que nunca inferior a 80% dos utilizadores", considera Ricardo Domingues. Uma meta que o responsável acredita ser possível de alcançar num prazo "relativamente curto" com "as medidas certas de combate aos ilegais e a evolução dos produtos licenciados".
No que toca a gastos, sete em cada dez dos jogadores inquiridos (71,5%) dizem gastar até 50 euros por mês, a maioria menos até de 25 euros. Se forem considerados apenas quem joga exclusivamente em plataformas licenciadas, esta percentagem sobre para os 77,6%. Os gastos são mais elevados entre os jogadores que apostam em sites ilegais.
Ricardo Domingues estima que as receitas fiscais perdias para os operadores ilegais "ascendem a mais de 100 milhões de euros". Apela, por isso, à fiscalização por parte do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, mas também à proibição de meios de pagamento que os operadores do mercado regulado usam, como o multibanco e o MBWAY.
Influenciadores promovem plataformas ilegais
A APAJO alerta ainda para a promoção de plataformas ilegais levada a cabo por influenciadores digitais que motivaram no último mês várias queixas-crime, como ritinhayoutuber, GODMOTA, Bruno Savate e Numeiro (já objeto de queixa em 2023). Além destes quatro influenciadores, a associação também apresentou queixa contra Cláudia Nayara no início do ano. Já em junho, sete operadores ilegais foram alvo de queixa-crime junto do Ministério Público.