Microcosmos da produção artística

“Pé dentro, pé fora”, uma das esculturas de Sara Bichão feita de materiais encontrados e reaproveitados, dando uma nova vida e significância às suas construções, é uma das obras mais impactantes presentes no “Panorama da Arte Contemporânea Portuguesa”, a mais recente iniciativa da Galeria Municipal do Porto, inspirada no histórico “Panorama da Arte Brasileira”. Com o objetivo de apresentar regularmente um retrato plural da produção artística atual em Portugal, o projeto também visa reforçar a visibilidade internacional da cena artística nacional, através da colaboração com curadores estrangeiros.

Na primeira edição, Hiuwai Chu e Raphael Fonseca, com experiência em contextos como Espanha, Brasil e EUA, foram os convidados. João Laia, diretor da Galeria Municipal, elucidou que as orientação dadas aos curadores passam por “não serem os nomes mais reconhecidos, nem ser uma plataforma de jovens artistas”. Durante mais de um ano de pesquisa, dialogaram com mais de uma centena de criadores, resultando numa seleção de 20 nomes que ilustram a diversidade e vitalidade criativa portuguesa. Intitulada “Lúcido devaneio”, a exposição é um fragmento visível de um processo mais vasto, com visitas a estúdios e conversas sobre a multiplicidade de vivências, territórios e práticas artísticas.

Na mostra estão patentes obras de diferentes meios e artistas de diferentes gerações – o mais novo representado é Francisco Trêpa, de 30 anos, mas há também obras de Silvestre Pestana, nascido em 1949. Como explica Raphael Fonseca, “é apenas uma fatia das artes visuais, um microcosmos das artes visuais”. Também em destaque está a obra de Vale Ferreira, a recriar primeira celebração pública do Orgulho Gay em Portugal, em 1995, com a porta da discoteca Climacz, em Lisboa.

“Lúcido devaneio”

Galeria Municipal do Porto

Até 12 de outubro