Apaixonado pelo F. C. Porto, João Koehler é um empresário muito próximo da SAD liderada por Pinto da Costa.
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Como interpreta a candidatura de André Villas-Boas?
É um sócio do F. C. Porto e tem direito a ser candidato.
Mas sente que está preparado para ser presidente?
Essa é uma pergunta um bocado injusta para ele. É injusto falar sobre a competência do André Villas-Boas para gerir atendendo a que nunca geriu uma empresa. No fundo, era como se me perguntasse se eu me sentia com competência para agora ser treinador do Arsenal. Houve uma coisa bastante peregrina, quando ele disse que contratou uma consultora para fazer as propostas. O grau de maturidade que é necessário para gerir um clube está muito para além deste tipo de afirmações.
Na entrevista que André Villas-Boas deu ao JN, defende a construção de uma academia perto do Olival e não na Maia. Como analisa esta proposta?
O F. C. Porto está há dois anos a organizar uma academia na Maia com investimento em projetos, com discussões com a Câmara Municipal, com assinatura de contratos. Quem já esteve envolvido em projetos imobiliários deste tipo, sabe que são processos difíceis. A futura academia do F. C. Porto na Maia tem 22 hectares. Junto ao Olival, nem sequer há terrenos com essa área. São terrenos muito mais pequenos e parcelados. Ao que sei, não entrou qualquer pedido de informação prévia na Câmara Municipal de Gaia.
Concorda com a criação de um portal de transparência até por causa dos negócios da equipa B?
Tudo aquilo que for pela transparência, eu sou a favor, mas o site da FPF já descreve os negócios que são feitos por cada clube e portanto parece-me que poderá haver alguma redundância no que é proposto. É uma proposta que acho que fica bem. Relativamente à equipa B, o que eu sei é que na gestão de Luís Gonçalves não têm sido pagas comissões, ao contrário de tempos idos. Havia uma forma de funcionar no clube durante a gerência de Antero Henrique, em que eram pagas comissões em todos os negócios e agora não. É curioso esse tipo de críticas surgir quando o alter ego do André será o Antero Henrique. Como dizia o Sérgio Godinho, "isto anda tudo ligado". Isto de exigir mais transparência são coisas vagas, que não contribuem para o sucesso desportivo.
O que pensa do facto de Angelino Ferreira poder fazer parte da lista de André Villas-Boas?
Não me merece qualquer comentário. Recordo apenas que, na altura em que ele esteve no F. C. Porto, houve salários em atraso a funcionários e nas modalidades amadoras. Dizer que nesse tempo havia grande saúde financeira é uma ideia muito errada que se está a tentar propagar nas redes sociais. Gostava muito que a campanha eleitoral ficasse marcada pela elevação e sem ataques pessoais.
Concorda com a política de atribuição de prémios aos administradores da SAD?
Nunca concordei e não é agora que vou concordar. Eu não faço fretes. Os administradores têm de receber em função das empresas com a dimensão do F. C. Porto.
Isso quer dizer o nível salarial é demasiado alto, em comparação com Benfica e Sporting?
Sim. Mas também temos de ser sérios. Os prémios para a administração não têm de estar relacionados com os resultados desportivos. Porque, que eu saiba, os administradores não marcam golos. Eu, no próximo mandato, terminava com os prémios.
Tem o sonho de um dia ser presidente do F. C. Porto?
O meu sonho é que o F. C. Porto seja outra vez campeão europeu. Não tenho esse sonho de ser presidente. Também tenho outro sonho, que é podermos disputar os campeonatos em situação de igualdade com o Benfica e o Sporting. E esse é um sonho que vai durar mais. Quando entramos, em salas com investidores internacionais, e nos dizem que não fazem operações financeiras com o Sporting porque espetou um calote a um banco... Nós estamos a discutir a dívida do F. C. Porto quando o Sporting teve um perdão bancário de cem milhões. O Benfica também já teve perdões fiscais. O F. C. Porto paga todas as suas contas. Temos este grande desafio, que é, em condições desiguais, conseguimos ser hegemónicos e dominantes no futebol português.