Trabalham mas vivem em tendas num pinhal porque não conseguem pagar as rendas
Dormem ao lado de um dos colégios mais caros do país e para onde está previsto um empreendimento. Centro Paroquial fala em aumento brutal dos pedidos de ajuda.
Corpo do artigo
São os holofotes do campo de futebol do Colégio St. Julian’s, um dos estabelecimentos de ensino mais caros do país, em Carcavelos, Cascais, que iluminam as tendas de Márcia e Andreia durante a noite. “Com o regresso das crianças à escola, passamos a ter luz”, conta Andreia, que ali vive há um mês. Todas as semanas chegam mais pessoas à Quinta dos Ingleses por não conseguirem pagar a renda das casas onde viviam. Não será morada por muito tempo porque, para este terreno privado, está prevista a construção de um megaempreendimento.
Andreia Costa, 49 anos, veio para Portugal há um ano e meio, para fugir à insegurança do país onde vivia e trabalhava como carpinteira há duas décadas. Nunca imaginou dormir numa tenda, mas não pensa voltar a procurar casa tão cedo. “Ganhava 800 euros e pagava 400 por um anexo, era metade do ordenado. Aqui, no pinhal, a vida é simples, mas consigo poupar. Espero conseguir comprar uma caravana daqui a quatro meses”, diz otimista. Só vai ali dormir porque, como a maioria dos que ali pernoitam, perto de 30 pessoas, tem emprego. “Durante o dia, não estão cá porque foram trabalhar”, explica, apontando para as tendas vazias à volta.