“Eutopia” inaugurou na Ap’arte Galeria, no Porto, no sábado e pode ser vista até maio.
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“O homem volta-se para a geometria como as plantas se voltam para o sol: é a mesma necessidade de clareza e todas as culturas foram iluminadas pela geometria, cujas formas despertam no espírito um sentimento de exatidão e de evidência absoluta”, escreveu Nadir Afonso.
A Ap’arte Galeria, no Porto, inaugurou, no sábado, “Eutopia”, uma exposição individual que lhe é dedicada, repetindo a façanha de 2010, quando foi o artista convidado para a inauguração da galeria.
Nadir Afonso (1920-2013), um dos mais notáveis artistas plásticos e arquitetos portugueses destaca-se pela sua obra vasta e profundamente marcada pelo rigor geométrico. Natural de Chaves, revelou, desde sempre, interesse pela pintura, mas formou-se em Arquitetura na Escola de Belas Artes do Porto. Trabalhou com mestres como Le Corbusier e Oscar Niemeyer, experiência que lhe aguçou a perceção das formas e do espaço. A sua pintura, sempre teorizada, explora a geometria como essência da arte. Destacou-se no movimento da Arte Cinética e da Op Art, criando composições de linhas rigorosas, cores vibrantes e ritmos visuais quase matemáticos.
“Eutopia” é uma mostra assente em 37 obras: telas, guaches e serigrafias. Na sua carreira o conjunto dedicado às cidades está em especial destaque na mostra, grande parte delas dos anos de 1960. O uso do azul também é realçado de forma muito calculada, com diferentes tonalidades, reforçando planos, volume e contrastes com cores mais quentes. Em séries como “Cidades”, o azul destaca-se como cor de fundo ou como parte das formas arquitetónicas, evocando a atmosfera urbana sob a luz do céu ou o reflexo da água.
Perante a rigidez geométrica das obras, o azul suaviza o rigor matemático, criando um equilíbrio entre o racional e o sensorial. Um azul que é sempre um prazer revisitar.
“Eutopia”
Nadir Afonso
AP´ARTE Galeria
até 10 de maio