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Pedro Nuno Santos é rico. Não ao ponto de estar na lista dos mais ricos, como os Amorim, os Azevedo ou os Mello, mas porque, quando comparamos os rendimentos e património do líder socialista com o dos portugueses que se propõe governar, a diferença é abissal. Nisso há, como em tantas outras coisas, uma espécie de Bloco Central. Porque Luís Montenegro também é rico. Também o líder social-democrata tem rendimentos e património que a esmagadora maioria dos cidadãos nunca terá, por mais e melhor que trabalhe.
É legítimo que muitos eleitores olhem para essa riqueza relativa e não se sintam representados. É possível que a operária têxtil, o homem da recolha de lixo, a funcionária da escola, ou o trabalhador agrícola (profissões com importância máxima e salário mínimo) desconfiem que a Pedro Nuno e Santos e Luís Montenegro, por muito que saibam de Economia ou Direito, falte o conhecimento e a empatia sobre o que custa ganhar a vida. E que lhes recusem o voto por isso.
Que o façam, estão no seu direito, mesmo que estejam errados. Essa riqueza relativa, mesmo num país de pobres e remediados, não desqualifica ninguém para a política. Serão ricos, para os baixos padrões nacionais, mas não é crime. Nem é preciso cometer um crime para se chegar ao nível de riqueza dos líderes do PS e do PSD.
Ter casas que custam muito dinheiro em Espinho, em Lisboa ou em Montemor-o-Novo nada nos diz sobre as suas qualidades para estar à frente de um Governo. E não é certamente motivo para uma bizarra “averiguação preventiva”, o formalismo que o Ministério Público tirou de uma qualquer gaveta para justificar mais uma intromissão judicial no processo político. Primeiro, com Luís Montenegro, na sequência do caso Spinumviva. Agora, a um mês de eleições, com Pedro Nuno Santos, por causa de notícias de 2023 sobre compras de imóveis.
Apetece perguntar se não se arranja por aí um procurador que inicie uma “averiguação preventiva” para perceber se o Ministério Público estará a usar a “averiguação preventiva” como arma de arremesso político.