Em atividade desde 1982, o grupo ultra dos "colchoneros" tem mais de 200 mil seguidores nas redes sociais e uma história marcada por episódios de violência e até homícidios. No domingo passado, os seus membros obrigaram à interrupção do dérbi com o Real Madrid.
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Há quase dez anos, num comunicado datado a dezembro de 2014, o Atlético Madrid foi contundente e arrasador contra a Frente Atlético, a claque mais representativa do clube. Na sequência de episódios de violência antes de um jogo com o Deportivo da Corunha e depois de ter a garantia policial de que os envolvidos pertenciam ao grupo ultra em questão, os “colchoneros” anunciaram que a claque deixaria de fazer parte do lote oficial de grupos ligados ao clube, acrescentando que daí em diante o Atlético Madrid “perseguirá qualquer outro grupo que utilize o nome do Atlético para defender ideias políticas, racistas ou xenófobas”.
Uma notícia do jornal “As” desse ano garantia, no entanto, “uma boa relação” entre a claque e a Direção do clube na altura. E a verdade é que, dez anos depois, a Frente Atlético continua a acompanhar a equipa e a espalhar a violência, o ódio e a manchar o nome e a imagem do emblema espanhol, como se viu ainda há dias no dérbi com o Real Madrid, suspenso durante 20 minutos na sequência do arremesso de objetos para o relvado por parte de membros ligados à claque.
Em atividade desde 1982 e marca registada desde 1992, a Frente Atlético é uma das claques mais numerosas do futebol europeu e também uma das mais problemáticas. Esta noite, é esperada no Estádio da Luz, para o Benfica-Atlético Madrid da Liga dos Campeões, e uma das razões para o jogo ser considerado de “risco elevado”. As autoridades portuguesas estão em alerta e o contingente policial terá sido alargado para nada falhar na segurança nas imediações do estádio.
No início da atividade da claque, o clube financiou a sua atividade, mas quase imediatamente a relação começou a deteriorar-se devido a vários episódios de violência, incluindo homicídios, algo recuperado esta quarta-feira pelo jornal "El Mundo". A reportagem conta ainda que a Frente Atlético “esconde uma estrutura jurídica, económica e empresarial”, dando conta de “um quadro jurídico que, durante mais de 32 anos, permitiu a estes ultras, entre o vandalismo e a extrema-direita, operassem financeira e legalmente em Espanha”. Contam “mais de 200 mil seguidores nas redes sociais oficiais”.
Apesar das intenções anunciadas em 2014 e de, oficialmente, não ser uma “peña” oficial do clube, a verdade é que a Frente Atlético continua a operar normalmente no Wanda Metropolitano, estádio dos “colchoneros” e a acompanhar a equipa para quase todo o lado, mesmo que alguns membros se apresentem de cara tapada, como foi possível ver no jogo com o Real Madrid, quando alguns jogadores se deslocaram a essa parte da bancada para tentar acalmar os ânimos. A relação que mantém com a equipa é outro aspeto que chama a atenção. Após o dérbi, os jogadores (alguns deles já posaram com cachecóis alusivos à claque) dirigiram-se ao setor onde sempre está a Frente Atlético para agradecer o apoio, mas, desta vez, a formalidade foi acompanhada por uma grande vaia dos restantes adeptos presentes no estádio.
Os incidentes do dérbi madrileno (1-1) voltaram a colocar a Frente Atlético e a luta contra a violência nos estádios espanhóis na ordem do dia no outro lado da Península Ibérica. Notícias em Espanha adiantam que os dirigentes do Atlético Madrid estão a trabalhar em conjunto com a polícia espanhola para identificar e punir os adeptos que causaram a paralisação do jogo. Em causa, estarão 60 pessoas, alegadamente ligadas à Frente Atlético, e o objetivo é não só bani-las do Wanda Metropolitano mas também proibi-las de frequentarem qualquer estádio de futebol em Espanha.
Vale a pena recordar que, em 2009, um F. C. Porto-Atlético Madrid, também da Liga dos Campeões, foi antecedido de confrontos entre adeptos dos dois clubes, que obrigou ao reforço policial. Houve feridos e tudo terá começado depois de ter sido atirado um very-light na direção dos adeptos portistas.