Benjamin Netanyahu assegura que “monstros sangrentos” serão eliminados. Ministro da Defesa israelita alerta que conflito irá “mudar situação para sempre” .
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Ao nono dia de conflito, Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro israelita, reuniu o Governo de emergência pela primeira vez e clarificou os planos da ofensiva que está a ser preparada pelas Forças de Defesa de Israel (FDI). “Estão prontos para exterminar os monstros sangrentos”, assegurou, ao referir-se os militantes do Hamas. Apesar do impasse dos últimos dias, o lançamento de uma invasão na Faixa de Gaza é cada vez mais indubitável, com o Executivo a alertar que se irá traduzir numa luta definitiva.
“Será uma guerra poderosa, será uma guerra mortal e será uma guerra que mudará esta situação para sempre”, antecipou o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, citado pelo “Times of Israel”. O governante hebraico mostrou-se em linha com o plano arquitetado pelo chefe do Executivo e prometeu que as forças nacionais irão “eliminar a organização Hamas”, numa operação que deverá começar a qualquer momento, podendo estender-se a diferentes zonas.
O chefe da Força Aérea Israelita, o general Tomer Bar, informou que os seus homens estão prontos para auxiliar o Exército numa intervenção que passará por uma “abordagem agressiva”, não descartando a possibilidade de ser aberta uma nova dianteira nos combates, devido aos múltiplos ataques realizados pelo Hezbollah – sediado no Líbano – no Norte de Israel. “Estamos preparados para uma evolução no Norte”, disse, ao jornal “Haaretz”.
Luta regional na mira
No seguimento dos confrontos entre o Hezbollah e as forças israelitas, Shtula, uma localidade no Norte de Israel, foi, este domingo, alvo de ataques aéreos alavancados pelo grupo xiita, causando um morto e três feridos.
A constante troca de agressões está a levantar preocupações não só no Médio Oriente como no Ocidente. O conselheiro de Segurança Nacional da Casa Branca, Jake Sullivan, admitiu, em entrevista à CBS, que os EUA temem que o clima de tensão que se vive na região possa arrastar outros atores para uma eventual guerra regional. “Não podemos descartar que o Irão decida envolver-se diretamente. Temos de nos preparar”, reconheceu.
Numa evidente ameaça, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano, Hossein Amirabdollahian, que foi recebido em Doha pelo emir do Catar, frisou que se Israel não travar as agressões contra a Palestina, os países do Médio Oriente irão colocar “o dedo no gatilho”.
Apesar da advertência, Antony Blinken, secretário de Estado norte-americano, que visitou a Jordânia, Bahrein, Catar, Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Egito, assegurou que “todos os parceiros” estão “comprometidos em garantir que a guerra não se espalha”. O responsável anunciou ainda que a passagem de Rafah foi aberta para a circulação de assistência humanitária.
Acesso a água retomado
Quase uma semana após o Executivo israelita ter imposto um “cerco total” à Faixa de Gaza, impedindo o acesso da população a bens essenciais, o ministro da Energia hebraico, Israel Katz, informou que o fornecimento de água foi retomado no Sul do território palestiniano. O governante acredita que a decisão “irá empurrar mais civis” para esta zona da estreita faixa de terra, deixando a região Norte livre para uma ofensiva em larga escala.
Na cidade de Beni Suheila, as autoridades confirmaram que a distribuição da água foi retomada. Ainda assim, será difícil gerir os recursos numa região que está sobrecarregada. Mais de 600 mil civis acataram a recomendação de Israel e deslocaram-se para o Sul da Faixa de Gaza, informou Daniel Hagari, um porta-voz militar israelita, admitindo ainda que o Hamas tem na sua posse 155 reféns.