A Casa do Douro alertou, esta sexta-feira, para o “momento particularmente grave” que se vive na Região Demarcada do Douro.
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Os viticultores, que “perderam rendimentos superiores a 40% nos últimos três anos”, estão a prever uma campanha ainda mais difícil do que as duas anteriores, devido à possibilidade de diminuição do volume de uvas compradas pelas empresas produtoras de vinho. Por isso, pedem a intervenção do Governo.
O presidente da Casa do Douro, Rui Paredes, elencou como medidas prioritárias a “destilação de crise dos excedentes vínicos acumulados”, a “incorporação de um percentual de aguardente vínica regional na elaboração do vinho do Porto”, a “compra por parte do Estado de um quantitativo de vinho do Porto às adegas cooperativas”, o apoio à “colheita em verde”, a “antecipação de apoios aos viticultores”, a “suspensão temporária de candidaturas aos programa VITIS” e a “definição de um plano plurianual para a reestruturação do setor vitivinícola do Douro”.
Rui Paredes justifica que “há alguns grandes operadores da região que têm excesso de vinho e que não querem comprar, ou comprar quantitativos mais baixos de uvas, o que impacta muito nos pequenos e médios viticultores, que fazem desta vida o seu sustento e que depois não têm onde vender a colheita”.
O problema do desinteresse pelas uvas sentiu-se nas duas últimas vindimas na Região Demarcada do Douro e pode agudizar-se na de 2025. Há operadores que já escreveram aos viticultores que lhes têm fornecido uvas ao longo dos anos a dizer que este ano não vão comprar.
“Temos conhecimento de algumas centenas viticultores nesta situação”, segundo o presidente da Casa do Douro, que tem auscultado as empresas produtoras de vinho do Porto para saber das suas intenções. “Algumas garantiram que estão a prever comprar o mesmo que em 2024, o que dá algum conforto”. Todavia, tal não cala o “grito de alerta para Lisboa e para o país” lançado pela Casa do Douro a partir de “um interior profundo e que não tem voz”, que precisa que “o Estado olhe para ele como um foco de desenvolvimento do país”.
Rui Paredes sublinhou que, “se nada for feito, os próximos meses vão ser complicados”. Muitos agricultores estão “preocupados”, pois “têm créditos que assumiram para fazer investimentos” que, de um momento para o outro, “veem-se confrontados com dificuldades para escoar o seu produto”. Ora, se as uvas não forem vendidas “não restam muitas alternativas a não ser deixá-las na vinha”.