Uma ativista do grupo ambientalista Climáximo colou-se esta manhã numa das portas de um avião da TAP, que ia realizar o voo Lisboa-Porto, acusando o Governo e o setor da aviação de matarem diariamente milhares de pessoas ao permitirem "voos inúteis" de curto alcance
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Esta manhã no aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, uma ativista do Climáximo colou-se a um avião que ia fazer o trajeto Lisboa-Porto para "impedir a normalidade" devido às emissões de gases de estufa "mortíferas" e "completamente desnecessárias" que estas ligações aéreas provocam, "quando existem alternativas mais baratas e rápidas", escrevem os ativistas num comunicado enviado às redações. Segundo o coletivo adiantou ao JN, uma segunda ativista também se tentou colar ao avião, mas sem sucesso.
A ação ocorreu por volta das 9.40 horas, no momento em que seis ativistas do coletivo, com passagens compradas, estariam a embarcar no avião, cerca de 15 minutos antes da hora previsa para a partida, explicou fonte do Climáximo. O voo acabou por partir pouco depois das 10.30 horas e prevê-se que chegue com quase uma hora de atraso, segundo a mesma fonte. Questionadas pelo JN, a TAP e a ANA decidiram não se pronunciar sobre o protesto.
Duas assistentes de bordo agiram no momento ao falar com a jovem. Durante a ação, os passageiros terão permanecido dentro do avião, sendo que um dos passageiros tentou demover a ativista. A PSP foi chamada de imediato ao local, acabando por retirar os ativistas do local.
Fonte do Comando Metropolitano de Lisboa (Cometlis) da PSP avançou ao JN que os seis ativistas envolvidos no protesto foram identificados. Três dos manifestantes - a jovem que impediu o fecho da porta do avião e mais dois ativistas - estiveram retidos nas instalações da política no aeroporto. Não se sabe ainda se serão detidos.
"É um ato de insanidade permitir que estes voos continuem, é estar a ver a nossa casa a arder e atirar gasolina para o fogo. Este tipo de voos inúteis tem de ser a primeira coisa a ser travada na indústria genocida da aviação, incentivada pelo nosso governo a continuar a sua expansão - agora com a construção de um novo aeroporto - quando sabemos que precisamos de cortar emissões urgentemente, e que cada dia que não o fazemos estamos a condenar à morte mais pessoas em Portugal", afirmou Alice Gato, a ativista que se colou ao avião, citada no comunicado.
Os ativistas contestam o desinvestimento na ferrovia portuguesa, sublinhando que este é o meio de transporte mais sustentável. Defendem ainda que para "cortar drasticamente as emissões" seria necessário cancelar o projeto do novo aeroporo, expandir os caminhos de ferro e criar uma rede pública de transportes coletivos renováveis e gratuitos.
Esta é mais uma ação de protesto que o coletivo Climáximo realizou este mês com o mote "o Governo e as empresas emissoras [de gases com efeito de estufa] declararam guerra", aludindo à inação face à crise climática.