Corpo do artigo
Contrariamente ao título do filme, a vida não é "um longo rio tranquilo", mas uma corrida de obstáculos por caminhos tanto com altos (os dias felizes) como repletos de baixos (os dias contrários) que temos de partilhar. Mercê de tal condição, por razões familiares, em três dias baixos as circunstâncias obrigaram-me a apelar ao INEM. E ainda bem.
Em qualquer das emergências, a comparência foi rápida. Da primeira vez, a situação, antevista como complicada, estabilizou normalmente e a equipa retirou-se. Da segunda, o problema tornou-se complexo e obrigou a internamento hospitalar. Com a mesma tranquilidade da chegada, a saída fez-se discreta e eficazmente. Da terceira vez, apesar da prontidão do auxilio e dos esforços dos técnicos, a esperança de vida extinguiu-se. Irremediavelmente. Afinal, talvez devesse ter pedido a intervenção do INEM uma hora antes. Mesmo nessas circunstâncias, o apoio, a delicadeza e o saber lidar com as exigências da situação, com a dignidade e a correcção que o momento implicava, mesmo aí, foram inexcedíveis.
Recentemente, a outro familiar, acometido de doença súbita, recomendei que chamasse o INEM. Foi o que lhe valeu. Está como novo e além de dizer ter sido tratado como um príncipe (por acaso, é monárquico), instou a que eu devia escrever esta crónica a revelar isso. E aqui estou. Em país onde na escola, no emprego e especialmente na política é proibido elogiar (qualquer dia, o elogio paga IRS) e campeia o bota-abaixismo mais rasteiro, aqui expresso o meu apreço e confiança na acção do INEM. Se necessário, não deixarei de o utilizar novamente.
*O autor escreve de acordo com a antiga ortografia