A obra que o Norte reclama há décadas já está parcialmente feita, entre a Maia e a Trofa, mas falta o troço fundamental até Famalicão, que deverá estar concluído até ao próximo mês de agosto.
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É desejada e aguardada há décadas por populações, empresários e autarcas, sofreu avanços e recuos vários vezes e durante anos havia quem já só acreditasse quando visse. Mas a obra chegou e até já é possível circular em dois dos troços da variante à congestionada EN14. Entre a Maia e a Trofa, os automobilistas já circulam na nova estrada de oito quilómetros, e a parte entre a Trofa e Famalicão, com cerca de 2,5 quilómetros, está em fase de conclusão.
A conclusão da última etapa da empreitada da variante à EN14, que inclui a nova ponte sobre o Rio Ave e ligação à rotunda de Santana, em Ribeirão, Famalicão, está prevista para agosto próximo. A Infraestruturas de Portugal (IP) diz que vai “entrar ao serviço este ano”.
Segundo Pedro Caetano, da IP, os trabalhos estão na fase de pavimentação da camada de desgaste e colocação de sinalização horizontal e vertical. Depois é necessário “tramitar” todas as autorizações de Instituto de Mobilidade e Transportes e da Autoridade Nacional de Segurança Rodoviária, avança.
Com anos de atraso, o novo itinerário prevê reduzir o tráfego que circula na EN14. Diariamente, entre a Trofa e Famalicão, circulam mais de 22 mil veículos.
As dores dos empresários
Os troços já abertos ao trânsito, entre a Maia e a estação rodoferroviária da Trofa, já têm cumprido essa função. Contudo, para as muitas indústrias localizadas em Ribeirão e Lousado, no concelho famalicense, a última fase será essencial.
“Neste momento transitamos por vias interiores construídas em 1966, quando a Mabor se instalou em Lousado”, diz Pedro Carreira, administrador da Continental. Apesar da fábrica estar “oito vezes maior” e a faturação “infinitamente superior”, camiões e ligeiros que se deslocam à indústria de pneus continuam a circular pelas mesmas vias. “A rua do Montoito, construída há quatro, cinco anos aliviou um pouco, mas os transportes internacionais continuam a ser feitos pela EN14”, refere.
Pedro Carreira lembra que também as populações da Trofa e Famalicão são afetadas pela EN14, que está sobrelotada com camiões para abastecer as empresas.
“É incompreensível”, afirma referindo-se aos longos anos que a via demorou a ser construída. “Os Governos é que têm de saber como querem ver a economia nacional”, reclamando condições para as empresas sólidas instaladas em território nacional. A Continental é a quarta maior exportadora do país.
Pelo meio, revela, houve “atraso” de projetos empresariais por “falta de acessos” e “bloqueios” provocados por alternativas previstas que nunca avançaram. “Agora acredito que vamos ter uma nova via”, diz o administrador da fábrica de pneus que se situa a escassos metros da nova ponte sobre o Rio Ave e da rotunda de Santana.
21 mil veículos por dia até 2027
A construção de toda a variante foi complexa, nomeadamente devido à construção de viadutos e pontes. Um desses casos foi a edificação da nova travessia com 166 metros, onde a dificuldade se centrou na necessidade de colocar “ensecadeiras no leito do rio”. Antes já outras pontes e viadutos foram “levantados” com recurso a tecnologia “complexa, avançada e segura”.
A última fase da variante englobou ainda a requalificação da ribeira de Ferreiros, que envolve zonas pedonais e cicláveis. Na Trofa, este tipo de vias foram criadas na zona da nova ponte e na ligação ao centro da cidade.
O tráfego médio diário previsto para circular na nova via em 2027 é de 21 mil veículos, no troço entre o nós da A3, em Lantemil, e a rotunda do interface rodoferroviário, segundo um estudo da IP. Em 2037 a procura deverá aumentar para mais de 24 mil veículos por dia.