Passageiros queixam-se de incumprimento de horários e falta de informação nas paragens, e até contam com apoio de autarcas.
Corpo do artigo
Parece ser uma dor de cabeça quase impossível de curar. Esta semana, na senda das queixas sobre a Unir, rede de autocarros da Área Metropolitana do Porto (AMP), é no concelho de Santa Maria da Feira onde surge maior contestação: incumprimento de horários e falta de informação. As falhas já eram conhecidas, mas ter-se-ão intensificado nos últimos dias.
Os relatos são partilhados, como já é habitual, num grupo de Facebook criado para dar apoio aos passageiros e contam até com reações de apoio de autarcas de outros concelhos da região. É o caso do presidente da Câmara de Gondomar, Marco Martins, que comentou uma das publicações: “De facto, é incompreensível como isto acontece! Os utentes merecem respeito... Felizmente, aqui por Gondomar, as falhas são residuais”.
Em causa está, relatam os passageiros, o incumprimento de horários nos últimos dias, em quatro linhas da Feira: 2014 (percurso do Souto e o hospital, via Travanca), 2015 (trajeto entre o hospital e o Souto, via Matos), 2037 (entre o Souto e a biblioteca, via Travanca) e 2038 (também entre o Souto e a biblioteca, mas via Mosteirô).
A empresa responsável pela operação neste concelho, pertencente ao lote 5, é a Xerbus, do grupo espanhol Monbus (em alguns casos, a operação é feita com recurso à subcontratação de meios da Auto Viação Pacense e à União de Transportes dos Carvalhos, antigas operadoras). Até porque a empresa opera também em Oliveira de Azeméis, Arouca, São João da Madeira e Vale de Cambra.
Contactada pelo JN sobre a situação denunciada pelos utentes, a operadora encaminhou esclarecimentos para a AMP. Por sua vez, esta entidade intermunicipal responsabiliza as operadoras pelas falhas.
Já o líder do Conselho Metropolitano, Eduardo Vítor Rodrigues, tinha admitido, no final de julho, que são as empresas “quem tem de dar a cara pelos horários”. Recorde-se que a Unir não tem um canal próprio para atendimento de passageiros, com os utentes a refugiarem-se nas redes sociais.
Horários afixados em talho
Márcio Pinto, um dos administradores do grupo de Facebook e utilizador frequente do serviço da Unir no lote 5, partilhou: “Fez-se o serviço na segunda-feira, mas ontem [terça-feira] e hoje [quarta-feira] nem vê-las”. Referia-se às quatro linhas já indicadas anteriormente. “Afinal, os municípios pagam os serviços ao quilómetro e onde andam os serviços?”, revolta-se.
Ao mesmo tempo, e em declarações ao JN, Márcio nota a inexistência de horários afixados nas paragens, tendo sido o próprio a partilhar os mesmos em alguns locais por vezes inusitados como forma de ajudar quem anda de autocarro. Foi o caso de um talho, por exemplo.
Empresa metropolitana criada em breve
Falta nomear a administração da empresa metropolitana de transportes da AMP, algo que deverá acontecer na primeira quinzena de setembro. A partir daí, adiantou o líder do Conselho Metropolitano, Eduardo Vítor Rodrigues, a empresa poderá começar a trabalhar. O papel desta nova entidade passa por absorver os Transportes Intermodais do Porto (TIP), que gere a bilhética Andante. A estrutura prevê 60 trabalhadores, alguns dos quais atuais funcionários do departamento de mobilidade das autarquias e da AMP.