A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, está sob críticas por causa da proposta para o quadro financeiro plurianual da União Europeia, apresentada na quarta-feira. O documento prevê cortes nos fundos para as regiões e para a agricultura, bem como novos impostos que levaram à dissidência de comissários.
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A proposta de orçamento para o período 2028-2034 tinha o carimbo da simplificação, mas a sua apresentação foi anormalmente desorganizada. O documento que devia chegar às mãos dos eurodeputados de manhã só apareceu a meio da tarde, foram cancelados eventos alusivos ao tema e participações de comissários em eventos. Na base do atraso estiveram as prolongadas discussões que marcaram a tradicional reunião de ratificação da proposta.
“Um absoluto desastre”
Segundo o ‘Euroactiv’, houve seis comissários que se manifestaram contra a criação de novos impostos. Entre eles estava Maria Luís Albuquerque, mas também Raffaele Fitto (Coesão e Reformas).
Quando a proposta chegou ao Parlamento Europeu, estava incompleta e faltavam dados que Ursula von der Leyen já estava a mostrar aos jornalistas na sala ao lado. “Está a dar mais informações à imprensa do que a nós”, lamentou o presidente da Comissão do Orçamento.
Lá fora, revoltavam-se ainda os agricultores. No briefing ‘off-the record’ para os jornalistas, de tarde, técnicos da Comissão não souberam explicar a diferença de mais de 300 mil milhões de euros.
Quanto à substância, mais críticas. Os eurodeputados liberais querem mais verbas para as regiões; os verdes, os socialistas e os patriotas consideraram os cortes na agricultura como “um absoluto desastre”. O próprio comissário Raffaele Fitto, respondeu assim às críticas: “Eu entendo-vos. Não me sinto particularmente ousado ou corajoso”.
Para piorar, o governo alemão diz que o aumento do orçamento “inaceitável” e rejeita negociar, tal como o governo espanhol. Por cá, o ministro da Coesão, Manuel Castro Almeida, também promete bater o pé: “Portugal vai defender que é muito importante garantir fundos específicos para a agricultura”.
Já o presidente da CCDR-N, António Cunha, defende que a autonomia da União “não pode ser reduzida à Defesa”, sendo que “a incontornável reindustrialização da Europa e o reforço da sua agricultura exigem o envolvimento dos territórios e devem ser consumados tendo em conta as especificidades regionais”.