Líder da Aliança Democrática apela ao “sentido de responsabilidade” dos restantes partidos para assegurarem condições de governabilidade.
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O líder da Aliança Democrática (AD) considerou ter condições para manifestar ao presidente da República disponibilidade para formar Governo. E pediu aos restantes partidos “sentido de responsabilidade” para assegurarem “condições de governabilidade”. Luís Montenegro admitiu, contudo, que governar vai exigir da sua parte “uma grande capacidade de diálogo e tolerância”. Garante que o fará mas avisa que o pais será gerido com o programa da AD.
Na reta final de uma noite que começou com a AD a gritar vitória e continuou com a coligação frequentemente empatada com o PS, coube ao líder do CDS-PP, Nuno Melo, anunciar a vitória. “Assinalo também democraticamente e com respeito, que o PS teve uma clamorosa derrota, porque cai de uma maioria absoluta para um resultado inferior a 30%. O PS perdeu as eleições”, vincou Nuno Melo.
Luís Montenegro esperou, porém, que Pedro Nuno Santos assumisse a derrota. “A AD, face ao resultados de 2022 terá recuperado 200 novos mil eleitores e também mais mandatos. Em face disso e da vitória eleitoral é minha expectativa fundada que o senhor presidente da República, depois de ouvir todas as demais forças políticas, me possa indigitar para formar Governo”, considerou o líder da AD.
“Desafio grande”
Para Montenegro, isso será respeitar a vontade “expressa, de forma livre e democrática” do voto nas urnas. O vencedor da noite eleitoral admite, contudo, que não será fácil gerir os destinos do país em maioria relativa. Por isso, deixou um apelo às restantes forças políticas. “Quero apelar ao sentido de responsabilidade restantes partidos, a todos é exigido que se dê ao país condições de governabilidade. A maior responsabilidade será minha mas também é preciso exigir aos partidos que cumpriam aquela que foi a palavra do povo. É importante para a segurança dos portugueses”, disse.
Momentos antes, o mesmo repto tinha sido deixado por Nuno Melo: “É muito importante assegurar agora condições de governabilidade. O apelo que faço é para que todos estejam à altura das suas responsabilidades. Na AD estaremos à altura das nossas responsabilidades”.
Montenegro admite também que isso não basta para que um futuro Governo AD tenha estabilidade. É preciso capacidade para dialogar com a oposição. E garantiu que será capaz de o fazer.
“Sabemos que o desafio é grande, que vai exigir grande sentido de responsabilidade a todos, que vai exigir da nossa parte e da minha grande capacidade de diálogo e de tolerância democrática”, garantiu.
O líder da AD deixou, porém, um aviso. Apesar de estar disponível para dialogar com os restantes partidos, “em respeito da vontade dos portugueses”, a coligação irá “cumprir a base do programa” que ontem foi sufragado pelos eleitores.
Não ao Chega
Confrontado com a possibilidade de vir a precisar do Chega para ter maior estabilidade governativa, Montenegro lembrou que, durante a campanha, fez dois compromissos para com os portugueses: primeiro, só governaria se tivesse mais um voto do que o PS; e segundo não iria fazer qualquer acordo com o partido de André Ventura.
“Assumi dois compromissos na campanha e naturalmente que cumprirei a minha palavra”, reafirmou, dirigindo-se ao PS para que não tenha a tentação de fazer alianças negativas com o Chega, isto de apesar de Pedro Nuno Santos ter garantido, na noite eleitoral, que não o faria. “A minha expectativa é que o PS e o Chega não constituam uma aliança negativa. É bom que todos os partidos possam assumir as suas responsabilidades, a começar pelo PS”, advertiu Montenegro.
“Os portugueses disseram que é necessário que os partidos devam privilegiar mais o diálogo e a concertação entre líderes e entre partidos”, reafirmou, para assegurar: “Há toda as condições para acreditarmos. Não falharemos a Portugal, não vamos virar as costas aos portugueses”, assegurou.