Sondagem: Governo em minoria? Nem pensar. Marcelo tem de forçar uma maioria no Parlamento
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As eleições estão à porta e os portugueses não querem voltar a passar pela experiência de um Governo minoritário. De acordo com o barómetro da Pitagórica para o JN, TSF e TVI/CNN, mais de dois terços (71%) defendem que o presidente da República deve forçar uma negociação que garanta uma maioria parlamentar. Marcelo Rebelo de Sousa pode não ter os instrumentos constitucionais para impor essa solução, mas tem a autoridade de ser, nesta altura, o político mais popular do país: 54% dão-lhe nota positiva. Mais ainda, em menos de um mês, disparou no indicador de confiança, para chegar aos 38%, mais 17 pontos do que Luís Montenegro.
A sondagem sobre intenção de voto, que divulgamos na segunda-feira, aponta para que, das legislativas marcadas para 18 de maio, resulte de novo um equilíbrio precário: uma vitória da AD, mas sem maioria no Parlamento. Uma fragilidade que os inquiridos pretendem que seja o presidente da República a resolver, forçando uma negociação que permita construir uma maioria parlamentar. É isso que pede uma maioria esmagadora de portugueses (71%), independentemente do género, da idade, da classe social, da região onde vive, ou do partido em que vota (apenas 23% aceitam que dê posse a um Governo minoritário).
A caminho de um Bloco Central no Parlamento?
Nos resultados que divulgámos na terça-feira estão algumas pistas para solução que Marcelo é chamado a negociar: 73% levam a sério o “não é não” e rejeitam um acordo entre Luís Montenegro e André Ventura; 61% defendem que o PSD deve facilitar a formação de um Governo do PS, se forem os socialistas a vencer; 77% defendem que o PS deve facilitar a formação de um Governo do PSD, se forem os social-democratas a vencer. Ou seja, entre a fragilidade de um Governo em minoria e um Bloco Central parlamentar, os portugueses preferem a segunda hipótese.
A Constituição determina que é o presidente da República a nomear o primeiro-ministro, mas impõe-lhe que tenha em conta os resultados e que ouça os partidos. E a última palavra é sempre da Assembleia da República. O presidente pode negociar, talvez até forçar uma solução, mas não a pode impor. A popularidade não consta de nenhum artigo da lei fundamental, mas talvez lhe dê alguma autoridade moral. E Marcelo pode pelo menos dizer que é, nesta altura, o político mais respeitado pelos portugueses, conseguindo um saldo positivo de 13 pontos percentuais (diferença entre os 54% de positivas e os 41% de negativas).
Depois das mulheres, saldo positivo nos homens
Marcelo continua a suscitar maior reconhecimento entre as mulheres (saldo positivo de 19 pontos) e consegue, finalmente, obter saldo positivo também entre os homens (sete pontos). No que diz respeito à geografia, reúne agora o consenso de todas as regiões em que se divide a amostra (com destaque para o Centro). O mesmo acontece nas classes sociais, embora se note uma diminuição da popularidade à medida que aumenta o rendimento dos inquiridos.
O único sinal de alarme diz respeito às faixas etárias: está no vermelho nos 25/34 anos e nos 35/44 anos. Mas é particularmente popular nos três escalões mais velhos, e em particular nos que têm 65 ou mais anos (saldo positivo de 30 pontos). Também nos partidos há consenso em torno do presidente da República, com a exceção dos eleitores do Bloco de Esquerda e do Chega.
Marcelo bate Luís Montenegro na confiança
Outro sinal positivo para o presidente é o índice de confiança. Quando se pede aos portugueses que escolham entre Belém e S. Bento, 38% optam por Marcelo Rebelo de Sousa. São mais dez pontos do que há um mês e 17 de vantagem sobre Luís Montenegro, que recua para os 21% (o primeiro-ministro só merece mais confiança entre os eleitores da AD, com 37%).
O presidente vence em todos os restantes segmentos em que se divide a amostra (género, idade, classe social, região e voto partidário), com destaque para as mulheres (42%), para os que têm 18 a 24 anos (48%), os que vivem na região de Lisboa (41%) os eleitores do Livre (74%) e os do PS (56%).
Ficha técnica
Sondagem realizada pela Pitagórica para a TVI, CNN Portugal, TSF e JN, com o objetivo de avaliar a opinião dos portugueses sobre temas relacionados com a atualidade do país. O trabalho de campo decorreu entre os dias 24 e 29 de março de 2025. A amostra foi recolhida de forma aleatória junto de eleitores portugueses recenseados e foi devidamente estratificada por género, idade e região. Foram realizadas 1626 tentativas de contacto, para alcançarmos 1000 entrevistas efetivas, pelo que a taxa de resposta foi de 61,50%. As 1000 entrevistas telefónicas recolhidas correspondem a uma margem de erro máxima de +/- 3,16% para um nível de confiança de 95,5%. A direção técnica do estudo é da responsabilidade de Rita Marques da Silva. A ficha técnica completa, bem como todos os resultados, foram depositados junto da ERC - Entidade Reguladora da Comunicação Social, que os disponibilizará para consulta online.