O presidente da Junta de Vila Praia de Âncora, Carlos Castro, manifestou hoje preocupação com o facto de a origem do surto de legionela se poder encontrar no centro da vila, onde reside a maioria dos infetados.
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Até agora foram diagnosticadas oito pessoas no concelho de Caminha, mas ontem, o delegado de saúde do Alto Minho, Luís Delgado, informou que um dos casos “não reúne critérios” para diagnóstico da doença dos legionários. A investigação ambiental para detetar o foco da contaminação decorre em Vila Praia de Âncora e o autarca local, Carlos Castro aponta alguns locais suspeitos, nomeadamente uma antiga pedreira e uma lavandaria, situada numa das ruas onde reside um dos infetados.
“As zonas onde há moradores infetados são na Avenida Ramos Pereira e na Rua 5 de Outubro, numa que nós chamamos a "Rua das Ávores" e na do Centro Cívico, tudo no centro da vila”, declarou, indicando que, neste momento, em toda aquela área “há muitas suspeitas”. “O último caso que apareceu é de um senhor que vive muito perto de uma lavandaria na rua do Centro Cívico, pode haver aí problemas. E também temos aqui uma zona que é uma antiga pedreira com enorme poços de água parada há muito tempo. Também temos aqui poços de bombagem, um deles na Avenida Dr. Ramos Pereira, saneamento e a ETAR”, afirmou, comentando que a situação está a preocupar a população.
“Os habitantes de Vila Praia de Âncora estão muito preocupados. O meu telefone não pára. As pessoas estão com medo, não sabem o que fazer, se ficam em casa ou podem sair. Os que vivem sozinhos precisam sair para fazer compras ou ir à farmácia e ligam a perguntar como é que vão fazer”, descreveu Carlos Castro, referindo que também os pais daquela localidade manifestaram preocupação com poderem ou não “levar os filhos à piscina ou ao pavilhão”.
Junta lamenta não ser incluída nas reuniões
O presidente da Junta lamentou “não estar incluído nas reuniões” da autoridade de saúde e da Câmara.“Estou próximo da população e conheço bem a freguesia. Muitas cabeças pensam melhor e eu poderia indicar locais suspeitos ou dar ideias”, disse, manifestando-se preocupado com o que considera ser “a demora” na identificação da origem do surto.
O primeiro caso de legionela surgiu no dia 10 de novembro. Desde aí foram identificados um total de oito, nas freguesias de Vila Praia de Âncora, Moledo e Vilarelho. As pessoas afetadas têm idades entre os 54 e os 97 anos.
Entretanto, a contabilidade desceu para sete, porque, segundo o delegado de Saúde, Luís Delgado, um dos casos “não reúne critérios para o diagnóstico”.
“Há uma evolução, de facto, em relação à conferência de imprensa que fizemos [ontem] com Caminha, que é, de oito casos passamos a sete, porque um deles não tem critério para ser caso de legionela”, declarou ao "Jornal de Notícias" (pelas 18 horas de quarta-feira), adiantando que o caso descartado pela autoridade de saúde se trata de um homem e que foi dos primeiros diagnosticado com a doença.
“São questões técnicas e, de facto, esse caso não tem critérios clínicos”, sublinhou, sem pormenorizar, mas referindo que a Direção-Geral de Saúde, deverá divulgar esta quinta-feira um comunicado de imprensa sobre a situação da legionela em Caminha e que o mesmo referirá “sete casos”.
Entretanto, decorre a investigação ambiental para apurar a origem do surto, que o Delegado de Saúde do Alto Minho já confirmou que estará em Vila Praia de Âncora, onde residem “muito próximos” uns dos outros a maioria dos infetados pela bactéria da legionela. Fora daquela freguesia estão referenciados dois casos em Moledo e Vilarelho. Esta quarta-feira, Luís Delgado, admitiu que ainda podem surgir novos casos, tendo em conta que o período de incubação da bactéria é de dez dias e o primeiro caso surgiu na sexta-feira, dia 10 de novembro.
Aquele responsável afirmou que já foi feito um levantamento dos equipamentos suspeitos de serem o foco de contaminação e que, no terreno, continuam 10 técnicos, médico de saúde pública, engenheiro sanitário e técnicos ambientais, a fazer recolha de material para análise no Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA).
Dois clusters a Norte
A Admninistração Regional de Saúde do Norte ecxplicou em comunicado que "desde o início do mês de novembro foram identificados dois clusters de Doença dos Legionários na região Norte", confirmando os sete casos de Caminha. Este cluster está "em fase de investigação epidemiológica e de determinação das medidas de saúde pública necessárias para o seu controlo". O outro foco da doença regista-se em Matosinhos.