O secretário-geral do PS, Pedro Nuno Santos, decidiu publicar nesta quinta-feira toda a documentação relativa à compra de duas casas, depois de o Ministério Público ter anunciado a abertura de uma averiguação preventiva aos negócios em causa, na sequência de denúncias anónimas.
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Quais as casas adquiridas por Pedro Nuno Santos que estão agora a suscitar dúvidas?
Como explicou o líder socialista, na quarta-feira à noite, a casa onde reside com a mulher, Catarina Gambôa, em Telheiras, foi comprada por 740 mil euros, em 2018, tendo sido avançado um sinal de 92,5 mil euros de duas contas suas. Os restantes 647,5 mil euros vieram de uma conta conjunta dele e da mulher, sendo que 450 mil euros resultaram de um crédito à habitação e os outros 197,5 mil euros tiveram origem numa conta da sua mulher. Referiu que o empréstimo em causa acabou por ser abatido com a venda da primeira casa, na Praça das Flores.
Quanto à sua segunda casa, em Montemor-o-Novo, explicou que foi comprada em fevereiro de 2022, por 570 mil euros. Neste caso, o sinal foi de 57 mil euros, proveniente de uma conta da sua mulher. Para o pagamento dos restantes 513 mil euros, detalhou que cinco mil euros foram provenientes de uma conta da sua mulher e 508 mil de uma conta conjunta, sendo que 450 mil dizem respeito a crédito que ambos estão ainda a pagar.
O pai ajudou a comprar as casas?
Pedro Nuno Santos admitiu, na mesma ocasião, que o pai, um empresário do calçado em São João da Madeira, o ajudou: "Bem sei que não é essa a realidade da maioria dos portugueses, mas também sei que os pais que podem ajudar ajudam os seus filhos. E, obviamente, isso aconteceu comigo, como aconteceu também com a minha irmã, como aconteceu, obviamente, também com a minha mulher". E confirmou que contou com a ajuda dos pais para a compra da primeira casa, na Praça das Flores.
Quais são as suspeitas?
De acordo com o "Observador", uma das denúncias anónimas que chegaram à Procuradoria Geral da República estará relacionada com um artigo publicado na "Sábado" em 2023, no qual se abordava a origem dos fundos para compra das casas de Pedro Nuno Santos. A revista referia que o líder socialista tinha dito que o crédito tinha sido amortizado com a ajuda do pai, mas, mais tarde, retificou a informação, por escrito, e num Direito de Resposta, avançando que foi amortizado com o produto da venda da primeira casa.
O que vai fazer Pedro Nuno Santos?
O secretário-geral do PS, além de já ter publicado toda a informação documental sobre as transações em causa no site do PS, pediu também para ser ouvido, já nesta quinta-feira, pelo Ministério Público, convicto de "as denúncias são anónimas, mas a verdade é pública".
Há semelhanças com o caso de Luís Montenegro?
Perante a presença de denúncias anónimas, a Procuradoria Geral da República atuou de forma idêntica: abriu uma averiguação preventiva, tanto no caso de Luís Montenegro, líder do PSD, em relação à empresa Spinumviva, como na situação aqui descrita relacionada com Pedro Nuno Santos. Trata-se de um procedimento legal, com vista a verificar se existem indícios suficientes para ordenar a abertura de um inquérito. O líder do PS, quando falou ao país na quarta-feira, demarcou-se do primeiro-ministro, por considerar que ainda não deu os esclarecimentos todos ao país, mesmo em relação à sua casa em Espinho, reforçando que, “ao contrário de Luís Montenegro”, não tem medo “nem do escrutínio do Ministério Público, nem do escrutínio dos portugueses”.