As negociações em Doha, com mediação dos Estados Unidos, Egito e Catar, avançaram muito nos últimos dias e um rascunho final para uma trégua e a libertação dos reféns foi apresentado às autoridades israelitas e ao grupo islamita Hamas. Como é a proposta e o que falta para esta ser implementada?
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No que consiste a primeira fase da trégua?
A primeira etapa, com duração de 42 dias, consistiria na libertação, no primeiro dia, de 33 reféns israelitas pelo Hamas. O primeiro grupo de cativos incluiria mulheres - civis e militares -, crianças e civis acima dos 50 anos.
Telavive libertaria 30 palestinianos detidos, menores ou mulheres, para cada refém civil e 50 para cada mulher integrante das Forças de Defesa de Israel (FDI).
Os combates seriam interrompidos, com as FDI a retirarem-se de áreas povoadas da Faixa de Gaza, deslocando-se para as bordas do enclave palestiniano. Deslocados poderiam regressar a casa no território, que receberia mais ajuda humanitária.
Como seria uma segunda etapa?
A segunda fase, com 42 dias também, teria a declaração de uma "calma sustentável". O Hamas libertaria os restantes reféns, homens civis e militares, em troca de um número ainda não negociado de prisioneiros palestinianos. As FDI retirariam completamente as tropas da Faixa de Gaza.
Esta etapa seria negociada a partir do 16.º dia da primeira fase e as partes teriam que chegar a um acordo até à quinta semana, ou seja, uma semana antes do final da primeira fase da trégua.
E a terceira fase?
A terceira e última fase incluiria a troca de corpos dos reféns israelitas falecidos durante o cativeiro, pelos cadáveres de militantes palestinianos mortos por Israel.
Um plano de reconstrução da Faixa de Gaza seria implementado num período de três a cinco anos, com foco nas casas e infraestruturas, além de compensar indivíduos afetados. O processo seria supervisionado pelo Egito, Catar e pelas Nações Unidas.
Por fim, as fronteiras do enclave seriam reabertas para a livre circulação de bens e pessoas.
O que falta para o acordo ser aprovado?
Enquanto a delegação do Hamas já aceitou os termos do rascunho do acordo, segundo a agência Associated Press, oficiais israelitas em Doha afirmam que os detalhes estão a ser trabalhados, havendo a possibilidade de mudanças no texto. Já a Reuters noticia que o grupo islamita aguarda que Israel envie os mapas da retirada de tropas de Gaza.
Uma delegação da Jihad Islâmica, organização separada do Hamas, deslocou-se ao Catar, na noite de terça-feira, para participar nas negociações. O grupo mantém também reféns israelitas no enclave.
É esperado um progresso nas negociações nas próximas horas ou dias, com o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, a dizer que a luz verde depende apenas do Hamas. Enquanto isso, os ataques israelitas continuam em Gaza, resultando na morte de 62 pessoas nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde do território.